Não podemos ser omissos com os humoristas "Porta dos fundos".

Todos estamos nesses últimos dias perplexidade, com mais um ataque ao Cristianismo. Os pseudos-humoristas, “Porta dos fundos”, em seu “especial de Natal”, onde de maneira diabólica ultrajante o Cristianismo, com um humor satânico, para desferir seu ódio aos cristãos, com todo tipo de blasfêmias. Jo 15,20 “ Se me perseguiram, também a vós hão de perseguir”.
Eles não são os primeiros, porém foram longe demais, satirizando e desrespeitando a nossa fé, por meio da difamações e promoção ao ódio contra nós cristãos. Ao invés de uma discussão saudável e respeitosa, para chegarmos ao fim último, Jesus Cristo, Único e Verdadeiro Deus e a Sua Igreja, que Ele fundara sobre o Apóstolo São Pedro.
Mais uma vez vemos que em grandes solenidades, como o Natal e a Páscoa, esses vídeos que procuram difamar e caluniar a fé cristã, “brotam” na internet, porém não vemos o mesmo tratamento com os islâmicos, por exemplo.
No desgraçado vídeo não deixa a menor defesa e sim a pura e gratuita blasfêmia a Majestade Divina. Os tons de “segundas intenções”, termos imodestos e piadas a Imaculada Conceição e a Maternidade Divina de Nossa Senhora.

Não devemos nos omitir e devemos manifestar nossa perplexidade com boicotes aos patrocinadores e suas marcas, escrever e-mails e levar a outros aos mesmos atos. Por isso coloco aqui os nomes e sites que patrocinam esses desgraçados:



Uma maneira eficiente de enfrentar alguns grupos é direcionando-se contra seus patrocinadores.

O Luciano Huck é patrocinador do grupo Porta dos fundos
https://www.facebook.com/LucianoHuck?fref=ts

Cerveja Itaipava
https://www.facebook.com/itaipavacerveja?fref=ts

Também existe uma bela iniciativa, que é a do site http://www.citizengo.org/pt-pt/node/1921, onde a assinatura online para a cervejaria Itaipava.
Rezemos também pela conversão dos mesmos “humoristas”, pois incorrem de pecado de blasfêmia, que é pecado mortal. “Eu porém vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos vos [maltratam e] perseguem. Mt 5, 44.
Que possamos também desagravar a Majestade Divina, com adorações, Santas Missas e atos de desagravo ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

Viva O Menino Cristo Rei de Praga!

Homilia do Papa Francisco na Solenidade de Todos os Santos – 01/11/2013

HOMILIA
Santa Missa celebrada pelo Papa Francisco no Cemitério Verano de Roma
Sexta-feira, 01 de novembro de 2013

Neste momento, antes do pôr do sol, neste Cemitério, nos reunimos e pensamos no nosso futuro, pensamos em todos aqueles que já partiram, todos aqueles que nos precederam na vida e estão com o Senhor. É tão bonita esta visão do céu que nós ouvimos na primeira leitura (cf. Ap 7,2-4.9-14).  Senhor Deus a beleza, a bondade, a verdade, a ternura, o amor total, aquilo que nos espera e aqueles que nos precederam, que morreram no Senhor e estão lá. Proclamam que foram santos, não pelas suas obras, fizeram obras boas, mas foram salvos pelos Senhor, a salvação pertence ao nosso Deus, é Ele que nos salva, é Ele que nos leva, como um Pai, pela mão, no final da nossa vida. Precisamente naquele Céu onde estão nossos antepassados.

Um dos anciãos faz uma pergunta: quem são esses vestidos de branco, esses justos, esses santos, que estão no céu? São aqueles que vêm de uma grande tribulação e lavaram suas vestes, tornando-as cândidas no sangue do Cordeiro. Somente entraram no céu, graças ao sangue do Cordeiro, graças ao sangue de Cristo. É o sangue de Cristo que nos justificou, que abriu as portas do Céu, e se hoje recordamos esses nossos irmãos que nos precederam na vida, que estão no Céu, é porque eles foram lavados pelo sangue de Cristo. Essa é nossa esperança. A esperança do sangue de Cristo. Essa esperança não dá desilusão. Esperamos na vida, como o Senhor. Ele não cria nenhuma desilusão, não nos dá desilusão, jamais.

João dizia aos seus apóstolos e seus discípulos: veja que grande amor Ele deu, o Pai, para sermos chamados filhos de Deus (cf. 1 Jo 3, 1-3). Por isso, o mundo não nos conhece, somos filhos de Deus, mas o que seremos ainda não nos foi revelado, é muito mais. Quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele é. Ver Deus, ser semelhante a Deus, essa é a nossa esperança. E hoje, no dia de todos os santos, antes do dia dos mortos, é necessário pensar um pouco na esperança. Essa esperança que nos acompanha na vida.

Os primeiros cristãos falam da esperança e a pintavam como uma âncora, como se a vida fosse a âncora naquela margem, onde todos nós, andando, indo, segurando a corda. É uma belíssima imagem, essa esperança. O coração ancorado lá, onde estão os nossos antepassados, os santos, onde se encontra Jesus, onde está Deus. Esta é a esperança, esta é a esperança que não cria desilusão.

Hoje e amanhã são dias de esperança. A esperança é como o fermento que faz ampliar a alma, mas também existem momentos difíceis na vida, mas com a esperança a alma vai avante, avante. Olha, olha aquilo que te espera! Hoje é um dia de esperança, os nossos irmãos e irmãs estão na presença de Deus, também nós, estaremos ali por graça do Senhor, se nós caminharmos na estrada de Jesus.

E conclui o apóstolo: cada um que tem essa esperança n’Ele purifica a sim mesmo. Também a esperança nos purifica, nos faz ir mais depressa. Nesse pré pôr do sol, cada um de nós pode pensar no pôr do sol de cada um, no meu, no seu, no nosso. Todos nós termos esse pôr do sol, mas eu olho para ele com esperança? Olho com aquela alegria de ser recebido pelo Senhor? Esse é o olhar cristão, isso nos dá paz. Hoje é dia de alegria, mas de uma alegria serena, tranquila, alegria da paz.

Vamos pensar no pôr do sol de tantos irmãos que nos precederam, o nosso pôr do sol que virá, vamos pensar no nosso coração, e vamos nos perguntar: onde está ancorado o meu coração? Se ele não está ancorado bem, vamos ancorá-lo lá, lá em cima sabendo que a esperança não nos dá desilusão, porque o Senhor Jesus jamais irá nos desiludir.

São Jerônimo de Stridon



"E as portas do inferno não prevalecerão contra Ela"! Nas eras conturbadas para a Igreja é que aparecem os grandes guias. O período situado entre o final do século IV e meados do século V foi uma dessas eras. Erros e heresias pululavam no seio da Cristandade. Então, surgiram grandes luzeiros de santidade e ciência: Santo Hilário, de Poitiers, Santo Ambrósio, de Milão, o grande Santo Agostinho. Havia ainda um outro luminar que, com os anteriores, formou o conjunto dos "Santos Padres da Igreja": São Jerônimo, cuja festa celebra-se no dia 30 de setembro, o "mês da Bíblia".

Jerônimo de Stridon

Jeronimo nasceu no ano de 342. Era filho de Eusébio, da cidade de Stridon, já na divisa entre a Panomia e a Dalmácia, em terras não distantes de Aquileia, na Itália. Sua família era cristã, nobre e rica. Acompanhando o costume da época, foi batizado apenas aos 18 anos, contudo, teve uma educação cristã desde criança.
 Seu pai percebeu logo as precoces aptidões que Jerônimo tinha para os estudos e apenas esperou que ele chegasse à adolescência para enviá-lo a estudar em Roma. Ali usando a pequena fortuna que seu pai lhe deu, procurou os melhores mestres. Tendo, porém, uma juventude um tanto livre.
 No centro do mundo civilizado de então, o jovem dedicou-se com afinco aos estudos da gramática, da retórica e da filosofia. Estudou latim tendo como professor de línguas um famoso pagão chamado Donato.
Jerônimo tornou-se um grande latinista, sendo também muito bom conhecedor do grego e de outros idiomas mais.

Jerônimo e os clássicos romanos e gregos

Ele dedicava horas e horas de seus dias lendo, estudando e até decorando livros de grandes autores latinos: Cícero, Virgílio, Horácio, Tácito, E ainda encontrava disposição para conhecer autores gregos. Entre eles Homero e Platão. Tal era seu entusiasmo e admiração pelos escritores clássicos que logo formou uma biblioteca só com obras deles, chegando até a copiar a mão vários desses livros.
 Dedicando tanto tempo a esses autores, quase nunca encontrava ocasião para as leituras cristãs. Totalmente posto nessa situação nada conveniente, ele, contudo, não tinha rompido com os princípios que conhecera na infância, não havia, de todo, cortado os laços com suas raízes cristãs.
 Foi, certamente, sua inexperiência juvenil que o levou a mergulhar sem censuras no ambiente mundano e decadente da Roma de seu tempo. Mais que um extraviado exacerbado, ele foi uma vítima do modismo da época.

Tempos mais tarde, Jerônimo admitiu que essa sua atitude o tinha colocado fora do verdadeiro caminho. Apesar disso ele recordava também que Deus não o havia abandonado nunca e que o guiava constantemente. Foi por essa ocasião que ele tornou-se catecúmeno. Continuava seus estudos e preparava-se para ser batizado. Seus domingos em Roma consistiam em constantes visitas às catacumbas. Ali ele meditava sobre a fé dos mártires, admirava a atitude deles e venerava suas relíquias.

Jerônimo batizado

Jerônimo recebeu o santo batismo na idade adulta. Ele foi batizado pelo Papa Libério. Já como cristão batizado, ele fez uma viagem de estudos pelas Gálias. Para acompanhá-lo levou consigo seu irmão de leite Bonoso.
 Nessa viagem, em Treveris, ele decidiu entregar-se ao serviço de Deus e, depois de conhecer a uma das mais afamadas academias que existiam no Ocidente, ele continuou sua viagem. Foi primeiramente para a Grécia, depois visitou parte do Oriente Médio. Ali, numa região desértica perto de Antioquia, viveu alguns anos em plena solidão.
Por essa ocasião, ele já tinha começado a dirigir seus estudos para outros pontos do saber humano, fora dos clássicos. Então, ele aproveitou seu tempo para estudar hebreu com um judeu convertido. Sua intenção era poder estudar as Sagradas Escrituras em seu idioma original. Isso não foi fácil: só o fim a que agora destinava seus estudos e o seu constante desejo de conhecimento lhe mantiveram nesse intento.
 Ele chega a afirmar que "As fadigas que isto me causou e os esforços que me custaram, só Deus sabe. Quantas vezes desanimei e quantas voltei atrás e tornei a começar pelo desejo de saber; sei-o eu que passei por isso, e sabem-no também os que viviam na minha companhia. Agora dou graças ao Senhor, pois que colho os saborosos frutos das raízes amargas dos estudos" (Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 1987, vol. III, p. 104. )

Jerônimo: tentações e consolo

Nesse período, as dificuldades e cansaços que estes estudos lhe traziam não eram todo o sofrimento pelo qual ele teve que passar. Para ele, foi necessário enfrentar um inimigo mais sutil, inteligente e mau.
 Deus permitiu que o demônio o torturasse. A cada instante o maligno o assaltava com tentações e desejos imundos contra o sexto mandamento. Para combatê-los, Jerônimo entregava-se à oração e à penitência. Eram jejuns que, às vezes, duravam semanas inteiras. Mas Deus não o abandonava!
 Em meio às tentações, o Senhor o consolava: "depois de chorar muito e contemplar o céu, sucedia-me, por vezes, ser introduzido dentro dos coros dos anjos. Louco de alegria, eu cantava... (Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 1987, vol. III, p. 105)
  
Cristão, não: Ciceroniano!

Jerônimo quis visitar Jerusalém. Queria caminhar pela Terra Santa, venerar os lugares que foram santificados pela presença de Nosso Senhor. Aproveitou a ocasião de sua estada em Jerusalém para aprofundar seus conhecimentos da língua hebraica, ele desejava ter um meio a mais para conhecer melhor as Sagradas Escrituras. Assim, poderia ter mais segurança nas respostas às questões que o Papa São Dâmaso lhe fazia constantemente a respeito de passagens difíceis dos Livros Sagrados.
 No entanto, ler a Sagrada Escritura não lhe trazia prazer. Para Jerônimo, o texto bíblico era simples demais e não tinha ornato... Ele  tinha sido formado na leitura dos clássicos latinos e gregos e se acostumara com a "eloquência" e "elegância" da literatura de estilo pagão. Ele sentia muita aridez na leitura da Bíblia. Apesar de ser um sábio para o mundo, um conhecedor com ampla visão das ciências de então, continuava cego para as coisas mais elevadas, as coisas divinas.
Para que ele mudasse de vida, foi necessário que o próprio Deus chamasse sua atenção. Jerônimo, anos mais tarde, contou em carta a uma de suas discípulas, Santa Eustóquia, o que foi que se passou com ele:
 Era o ano 374, ele estava na Antiópia e fazia austeras penitencias. Estando em oração, Jerônimo teve uma visão. Ele tinha sido arrebatado aos céus, e se via diante do Juízo de Deus. O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo presidia o Tribunal e perguntava sobre seu estado de alma e sua Fé.

- Sou cristão. Responde Jerônimo.  Ao que o Juiz lhe replicou com severidade:

- Mentira!... Você não é cristão, mas ciceroniano...

Isso seria o mesmo que dizer: "Não sois de Cristo, sois de Cícero."
 O Juiz mandou que ele fosse açoitado. Os assistentes pediram clemência argumentando que ele ainda era jovem e poderia corrigir-se, arrepender-se e salvar-se. Diante do que lhe acontecia, Jerônimo reconheceu o estado de alma em que se encontrava e nessa situação tomou a única atitude que lhe seria conveniente: reconheceu seu erro, pediu perdão.
 É certo que ele percebeu que tinha sido perdoado, então, naquele instante, ele fez o firme propósito de emendar-se, saindo do arrebatamento cheio de compunção e muito arrependido e pleno do amor de Deus.
"Desde aquela hora eu me entreguei com tanta diligência e atenção a ler as coisas divinas, como jamais havia tido nas humanas", conclui o Santo em sua carta a Santa Eustáquia. (Pe. Ribadaneira, in La Leyenda de Oro, op. cit., p. 644)

Jerônimo convive com Santos

Ele foi, então, para Chalcis, no deserto da Síria e lá passou quatro anos. Tinha uma vida de monge e aproveitou o tempo para aprofundar seus conhecimentos de hebreu e estudar os escritos de São Paulo de Tebas. Jerônimo deixou o ambiente monacal e dirigiu-se a Constantinopla. Ele queria ver e ouvir São Gregório Nanzianzeno. Devido a sua oratória e erudição, esse Santo era conhecido como sendo "o Teólogo".
 Durante três anos ele ali permaneceu estudando com São Gregório. Foi ele quem lhe abriu o espírito ao amor pela exegese das Sagradas Escrituras. Foi nessa ocasião também que Jerônimo teve oportunidade de fazer uma grande e profunda amizade com dois outros luzeiros que brilhavam na Igreja do Oriente: São Basílio e seu irmão São Gregório de Nissa.

Jerônimo Sacerdote

Ele esteve algum tempo também na Antioquia da Síria. Ali prestou serviços ao Bispo Paulino que o incentivou a receber o sacramento da Ordem.
 Estava com mais de trinta anos quando tornou-se sacerdote. Ele obteve condições especiais de vida sacerdotal. Poderia continuar sua vida como monge e não estar sujeito à jurisdição de nenhuma diocese. Quase nunca exerceu o ministério sacerdotal. Tornou-se um monge para quem o isolamento monacal seria ocasião para dedicação total ao estudo, à reflexão, à oração, tendo em vista a difusão do cristianismo.
 Ele pôde nessa ocasião, com muita dificuldade, estudar hebraico e aperfeiçoar seus conhecimentos do grego tendo em vista poder compreender melhor as escrituras em suas línguas originais.
Jerônimo pensou em ir para o deserto a fim de penitenciar-se de seus pecados. Ele pensava especialmente sacrificar-se para afastar de si as fortes tendências e os grandes desejos que o impeliam para a sensualidade. Naquele lugar de silencio e isolamento ele rezava. Jejuava muito e passava noites sem dormir, em oração e sacrifícios. Ali, porém, ele não encontrou a paz. Deus reservava para ele o encontro com uma descoberta: sua missão não era viver na solidão. Jerônimo voltou para Roma.
  
Jerônimo secretário do Papa

Por causa do modo de ser e da mentalidade dos povos orientais, na Igreja do Oriente havia vários ambientes onde os erros doutrinários encontravam terreno propício para germinarem. As heresias se difundiam e causavam confusão em todo o corpo social.
 Era tal a situação que tornou-se necessária uma reação da autoridade espiritual e da temporal. Elas tinham que se unir para defender-se dos erros que ali pululavam.  Para isso o Imperador Teodósio e o Papa São Dâmaso resolveram convocar um sínodo em Roma.
 O secretário do evento deveria ser Santo Ambrósio, porém, o culto e famoso bispo de Milão adoeceu gravemente. Para substituí-lo, o Papa convidou Jerônimo. Ele desempenhou esse cargo com muita eficiência e sabedoria. Reconhecendo em São Jerônimo seus dotes extraordinários e seu grande saber, o Papa São Dâmaso quis tê-lo junto de si e o nomeou como seu secretário, assim que terminou o sínodo.
 Como secretário Jerônimo tornou-se o encarregado de redigir as cartas enviadas pelo Pontífice. Era dele uma outra atribuição muito importante dentro do governo da Igreja: "responder a todas as questões que se referissem à religião, de esclarecer as dificuldades das Igrejas particulares [dioceses], das assembléias sinodais, de prescrever àqueles que voltavam das heresias o que eles deveriam crer ou não, e de estabelecer, para isso, regras e fórmulas" (Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d'après le Père Giry, par Mgr. Paul Guérin, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo XI, p. 565)

Jerônimo e as Escrituras Sagradas

O Papa desejava ter uma tradução da Bíblia que fosse o mais fiel possível aos textos originais.
 Os textos bíblicos até então existentes tinham imperfeições de linguagem e imprecisões de traduções. O Papa percebia a necessidade de uma tradução que pudesse servir de texto único e uniforme para servir de base para na liturgia, nos estudos e orações dos fiéis, já que as versões populares eram imperfeitas e passiveis de criar confusão entre os fiéis.
 Foi então que o Papa São Dâmaso encarregou São Jerônimo de verter o texto das Escrituras Sagradas para o latim. O Papa sabia que seu secretário teria condições para levar a cabo esse importante projeto. Ele já tinha provas do profundo conhecimento que Jerônimo tinha dos textos bíblicos. Sua fama de latinista erudito e poliglota consumado era sabida por todos. Além do latim, ele conhecia bem o grego e o hebraico, e ainda entendia bem o aramaico; línguas muito ligadas aos textos Sagrados.
O trabalho de São Jerônimo abrangeu praticamente sua vida toda. Ele escrevia com elegância clássica o latim e traduziu a Bíblia inteira. Daí foi que surgiu a texto da Bíblia conhecido como "Vulgata", que significa "de uso comum". Essa tradução foi usada largamente em quase quinze séculos. Seu texto tornou-se oficial com o Concílio de Trento e só cedeu o lugar nos últimos tempos, depois de estudos linguísticos exegéticos mais recentes.
 No trabalho deixado por São Jerônimo, ele mostra seu agudo senso crítico, um amor extraordinário à Palavra de Deus e uma grande riqueza de informações sobre tempos, usos e lugares relativos à Bíblia Sagrada. O Papa Clemente VIII afirmou que São Jerônimo, nesse trabalho de suma importância, foi assistido e inspirado pelo Espírito Santo.
 A dedicação extraordinária que São Jerônimo teve na tradução das Escrituras Sagradas só pode ter, de fato, um motivo de origem sobrenatural. E é o que se confirma ao ver as explicações que ele mesmo deu ao justificar seu empenho nesse importantíssimo trabalho: "Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo que diz: ‘Examinai as Escrituras e procurai e encontrareis' para que não tenhais de ouvir o que foi dito aos judeus: ‘Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus'. Se, de fato, como diz o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo". (Pe. José Leite, op. Cit., p. 106.)
  
Jerônimo perseguido em Roma

Até a morte de São Dâmaso, em 384, Jerônimo permaneceu em Roma. "Todos acorriam a ele, e cada qual procurava ganhar-lhe a vontade: uns louvavam sua santidade, outros a doutrina, outros sua doçura e trato suave e benigno, e finalmente todos tinham postos os olhos nele como em um espelho de toda virtude, de penitência, e oráculo de sabedoria" .(Pe. Ribadaneira, op. cit. p. 645.)
 Em Roma, criou-se em torno de Jerônimo amplo círculo de amizades, sobretudo de matronas da alta sociedade que o ajudavam com seus recursos para custear seus trabalhos e que lhe orientava nos ásperos caminhos da santidade de cunho monástico.
 Porém, os altos cargos que exercia, a dureza com a qual tinha que corrigir os defeitos existentes no seio da alta classe social lhe trouxeram também todo tipo de invejas. Em Roma, onde não aceitavam seu modo enérgico de correção, Jerônimo sentia-se incompreendido e caluniado. Após a morte do Papa São Damaso, os inimigos de São Jerônimo iniciaram uma verdadeira campanha de difamação e perseguição contra ele.

Jerônimo troca Roma por Belém

Tal era o ambiente que se criou em Roma contra Jerônimo que ele decidiu afastar-se da Cidade Eterna indo, definitivamente, para a Terra Santa. Estabeleceu-se em Belém onde ficou com Santo Eustáquio, Santa Paula e sua filha Eudóxia e outros mais seguidores pregando na Palestina e no Egito.
 Várias das ricas senhoras romanas que haviam se convertido através de seus ensinamentos e conselhos o acompanharam e foram morar junto à Gruta do Presépio, sob sua orientação espiritual Fundaram, sob a direção do Santo, um mosteiro masculino e um feminino, este dirigido por Santa Paula. Estas senhoras haviam vendido tudo que tinham em Roma. Com o dinheiro obtido ajudaram São Jerônimo na construção de um convento para homens e três para mulheres, além de construir uma casa para atender peregrinos que chegavam de todas as partes do mundo para visitar o lugar onde havia nascido Jesus.
 São Jerônimo, porém, levava vida como monge de penitencias rígidas. Seus últimos 35 anos ele os passou em uma grande cova, próxima à Gruta do Presépio. Ali continuou, até a morte, seus estudos e trabalhos bíblicos e com muita energia ainda escrevia contra os herege que se atreviam a negar as verdades da Santa Igreja Católica, entre eles Helvídio e Joviano.
  
São Jerônimo e Santo Agostinho

Houve um princípio de polêmica entre os dois grandes Doutores da Igreja, Santo Agostinho e São Jerônimo. Tudo porém foi explicado: tratava-se de um mal-entendido entre esses dois luminares do cristianismo. Tudo foi explicado, as coisas se puseram em seu devido lugar e uma amizade que nunca havia se rompido, continuou cheia de respeito. Eles continuaram unidos até a morte, melhor seria dizer até no Céu.
 São Jerônimo dizia que Santo Agostinho era "seu filho em idade, e seu pai em dignidade", uma vez que era Bispo. Por seu lado, o Bispo de Hipona escreveu-lhe: "Li dois escritos vossos que me caíram nas mãos, e achei-os tão ricos e plenos que não quereria, para aproveitar em meus estudos, senão poder estar sempre a vosso lado". (7 - Edelvives, El Santo de Cada Día, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 307.)
No dia 30 do mês de setembro do ano 420, falece São Jerônimo. Estava avançado em idade e crescido em virtude faleceu. No mesmo dia, em visão, ele aparecia a Santo Agostinho e descrevia como era o estado das almas bem-aventuradas no Céu...

O Leão de São Jerônimo

Numa certa tarde, como faziam todos os dias nas horas canônicas, os monges estavam reunidos ouvindo as lições do dia durante. São Jerônimo estava entre eles e ouvia atento. De repente, todos perceberam que um leão se aproximava. Foi uma correria geral. São Jerônimo manteve a calma: foi o único. Ele levantou-se e foi encontrar-se com aquele hospede não convidado...
 Era um animal enorme que usava somente três patas para caminhar. A quarta pata ele a trazia levantada. Claro que o leão não poderia falar, mas dava a impressão de querer comunicar alguma coisa e ofereceu a Jerônimo a pata que trazia levantada. O monge a examinou e percebeu que o animal estava gravemente ferido.
 Jerônimo chamou o menos medroso dos monges para ajudá-lo a limpar e cuidar do ferimento que estava em carne viva, infeccionado e ainda cheio de espinhos. Jerônimo tratou do animal, retirou-lhe os espinhos e o medicou com unguentos. O animal sarou.
 Os cuidados oferecidos ao animal amansaram a "besta fera". O leão passou, então a caminhar pacificamente pelo mosteiro. Onde estivesse São Jerônimo, junto estava o animal que se comportava como um animal doméstico.
 Jerônimo mostrou aos monges uma primeira lição do episódio: "Pensem sobre isto e vocês poderão encontrar lições de vida. Eu creio que não foi tanto para a cura de sua pata que Deus o enviou até nós, pois, o leão se curaria sem a nossa ajuda. Deus nos enviou esse leão para mostrar quanto a Providencia estava ansiosa para nos prover do que necessitamos para nosso bem."

O jumento foi roubado ou comido pelo Leão?

Os monges sugeriram então que o leão fosse usado para acompanhar e proteger o jumento que carregava a lenha para o mosteiro. E, por muito tempo, assim foi: o leão guardava o jumento enquanto este trabalhava.
 Um dia, porém, o leão dormiu enquanto o jumento pastava e alguns mercadores que por ali passavam roubaram o jumento. O leão acordou e passou a procurar o jumento. Procurou todo o dia, sem encontrá-lo. Voltou para o mosteiro e ficou diante do portão. Parecia ter consciência de sua culpa: não tinha mais o andar imponente que parecia quando andava ao lado do burrico.
 Alguns monges concluíram que o leão tinha comido o jumento. E se recusaram a alimentá-lo, enviando de volta para comece o resto de sua vítima. Será que havia sido o leão que dera cabo do jumento? Jerônimo mandou que procurassem a carcaça do jumento. Eles não encontraram nada e não viram sinais de violência.
 Ao saber disso São Jerônimo disse: " Eu fico triste com a perda do asno, mas não façam isto com o leão. Tratem dele como antes, deem comida para ele. Ele fará o serviço do jumento: deverá trazer em seu lombo a lenha que necessitamos." E assim aconteceu.

Um Leão que cumpre a vontade de Deus

O leão regularmente fazia a sua tarefa, mas continuava a procurar o seu velho companheiro. Um dia do alto de uma colina e viu na estrada homens montados em camelos e um deles montando um jumento.
 O leão foi ao encontro a eles. Aproximando-se, reconheceu o seu amigo e começou a rugir. Os mercadores assustados correram deixando para trás o jumento, os camelos e a carga que traziam.  Como faria um cão pastor, o leão conduziu os animais para o mosteiro.
 Quando os monges viram aquele desfile inusitada correram até São Jerônimo. E foi até os portões e os abriu dizendo: "Tirem a carga dos camelos e do jumento, lavem suas patas e deem comida para eles. Esperemos para ver o que Deus queria mostrar a este seu servo quando nos deu o leão".sao-jeronimo.jpg

Confie na sua Ovelha

Os monges seguiram as instruções de Jerônimo. O leão começou a rugir de novo e a balançar sua cauda, alegremente. Pesarosos por causa do que pensaram sobre o Leão, relembraram um pensamento conhecido na região: "Irmão, confie na sua ovelha, mesmo que se por um tempo ela pareça um ganancioso rufião. Deus fará um milagre para curar o seu caráter".
 Jerônimo, sabendo o que iria acontecer disse: "Meus irmãos, preparem boa água, refrescos e frutas pois, chegarão novos hóspedes que deverão ser bem tratados'. Tudo aconteceu como o Santo pediu. E logo um grupo de mercadores estava diante do portão. Embora tivessem sido bem recebidos pelos monges, correram até São Jerônimo e prostraram-se a seus pés, pedindo perdão e agradecendo o acolhimento.
 Jerônimo ainda disse aos monges: "deem os refrescos a eles e deixem partir com os seu camelos e suas cargas". Através do Leão, Deus supre as necessidades do mosteiro.
 Os mercadores, como retribuição e gratidão, ofereceram metade do óleo que os seus camelos carregavam para que fosse usado nas lâmpadas do mosteiro e ainda deixaram alimentos para os monges. Então, o chefe dos mercadores ainda disse: "Nós daremos todo óleo que vocês precisarem durante todo ano e nossos filhos e netos serão instruídos de também seguirem esta ordem: nada de sua propriedade será jamais tocada por qualquer de nós ".
 São Jerônimo aceitou a oferta e os mercadores de sua parte aceitaram os refrescos e partiram com a benção do Santo, voltaram alegres para o seu povo.
 São Jerônimo, tirando uma lição de toda essa história, respondeu a pergunta que ele mesmo havia feito anteriormente: "vejam meus irmãos o que Deus tinha em mente quando nos mandou o seu leão"!
 Esta narração foi adaptada por nós. Ela procura dar uma breve explicação do porque a iconografia costuma apresentar São Jerônimo com um leão junto dele.

No livro "Vita Divi Hieronymi" (Migne. P.L., XXII, c. 209ff.) traduzido para o Inglês por Helen Waddell em "Beasts and Saints" (NY: Henry Holtand Co., 1934), é onde podemos encontrar essa narração por inteiro. (JSG)

Homilia do Papa Francisco Santa Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude


Rio de Janeiro
Domingo, 28 de julho de 2013

Venerados e amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,

Queridos jovens!

«Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Com estas palavras, Jesus se dirige a cada um de vocês, dizendo: «Foi bom participar nesta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da terra, mas agora você deve ir e transmitir esta experiência aos demais». Jesus lhe chama a ser um discípulo em missão! Hoje, à luz da Palavra de Deus que acabamos de ouvir, o que nos diz o Senhor? Três palavras: Ide, sem medo, para servir.
1. Ide. Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9).
 Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor.
Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.
 De forma especial, queria que este mandato de Cristo -”Ide” – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido!
2. Sem medo. Alguém poderia pensar: «Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho»? Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Acabamos de escutar as suas palavras: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: «Não tenhas medo… pois estou contigo para defender-te» (Jr 1,8). Deus está conosco!
«Não tenham medo!» Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: «Eu estou com vocês todos os dias» (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós! Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha a vocês!
Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão. Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos. Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-lhes para que formassem um grupo, uma comunidade. Queria dar uma palavra também a vocês, queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de fé! Mas esta é uma etapa do caminho. Continuem acompanhando os jovens com generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que eles nunca se sintam sozinhos!
3. A última palavra: para servir. No início do salmo proclamado, escutamos estas palavras: «Cantai ao Senhor Deus um canto novo» (Sl 95, 1). Qual é este canto novo? Não são palavras, nem uma melodia, mas é o canto da nossa vida, é deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus, é ter os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas ações. E a vida de Jesus é uma vida para os demais. É uma vida de serviço.
São Paulo, na leitura que ouvimos há pouco, dizia: «Eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível» (1 Cor 9, 19). Para anunciar Jesus, Paulo fez-se «escravo de todos». Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir, inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus.
Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe alegria. Queridos jovens, regressando às suas casas, não tenham medo de ser generosos com Cristo, de testemunhar o seu Evangelho. Na primeira leitura, quando Deus envia o profeta Jeremias, lhe dá o poder de «extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar» (Jr 1,10). E assim é também para vocês. Levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo. Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês! Que Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, lhes acompanhe sempre com a sua ternura: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Amém.


SANTA MISSA NA BASÍLICA DO SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA HOMILIA DO SANTO PADRE



VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO BRASIL
POR OCASIÃO DA XXVIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
SANTA MISSA NA BASÍLICA DO SANTUÁRIO NACIONAL
DE NOSSA SENHORA APARECIDA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Quarta-feira, 24 de Julho de 2013

Eminentíssimo Senhor Cardeal,
Venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!
Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada brasileiro, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério. Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coisa. Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me conta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os Bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja. E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.
Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar à atenção para três simples posturas, três simples posturas: Conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.

1. Conservar a esperança. A segunda leitura da Missa apresenta uma cena dramática: uma mulher – figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão – o diabo - que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo (cfr. Ap 12,13a.15-16a). Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados! Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O “dragão”, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança! É verdade que hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo. Neste Santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã.

2. A segunda postura: Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele.

3. A terceira postura: Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria. O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura (cf. Est 5, 3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados. O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se “incendiará” de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI, aqui neste Santuário: «O discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Discurso inaugural da Conferência de Aparecida [13 de maio de 2007]:Insegnamenti III/1 [2007], 861).
Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ela nos pede: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2,5). Sim, Mãe, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja.

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/homilies/2013/documents/papa-francesco_20130724_gmg-omelia-aparecida_po.html

O Santo Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

              

No dia 16 de julho, há 750 anos, o mais extraordinário penhor de salvação jamais dado ao homem - o Escapulário do Carmo - era entregue a São Simão Stock. Por isso, os carmelitanos declararam 2001 "Ano Mariano" para toda a Ordem.
               Certo dia, que já vai longe, andando pelas ruas de Roma, encontraram-se três insignes homens de Deus.
              Um era Frei Domingos de Gusmão, que recrutava membros para a Ordem que fundara, a dos Pregadores, mais tarde conhecida como dos "dominicanos". Outro era o Irmão Francisco de Assis, o Poverello, que havia pouco reunira alguns homens para servir ao que chamava a Dama Pobreza. O terceiro, Frei Ângelo, tinha vindo de longe, do Monte Carmelo, na Palestina, chamado a Roma como grande pregador que era.
         Os três, iluminados pelo Divino Espírito Santo, reconheceram-se mutuamente, e no decurso da conversa fizeram muitas profecias.
         Santo Ângelo, por exemplo, predisse os estigmas que seriam concedidos por Deus a São Francisco.
         E São Domingos profetizou: "Um dia, Irmão Ângelo, a Santíssima Virgem dará à tua Ordem do Carmo uma devoção que será conhecida pelo nome de Escapulário Castanho, e dará à minha Ordem dos Pregadores uma devoção que se chamará Rosário. E um dia Ela salvará o mundo por meio do Rosário e do Escapulário".
         No lugar desse encontro construiu-se uma capela, que existe até hoje em Roma.

A Grande Promessa: Não irás para o fogo do inferno.

         Se a bula Papal aplacara momentaneamente o furor dos inimigos do Carmelo, não o fizera cessar de todo.
         Depois de um período de calmaria, as perseguições recomeçaram com mais intensidade. Carente de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem Santíssima com toda a amargura de seu coração, pedindo-Lhe que fosse propícia à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.
         Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta, Flor Carmelis.
         Segundo ele próprio relatou ao Pe. Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, de repente "a Virgem me apareceu em grande cortejo, e, tendo na mão o hábito da Ordem, disse-me:
                 Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna.             Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno”.
         Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo.
         São Simão atingiu extrema velhice e altíssima santidade, operando inúmeros milagres, tendo também obtido o dom das línguas; entregou sua alma a Deus em 16 de maio de 1265.
            Privilégio Sabatino: livre do Purgatório no primeiro sábado após a morte
         Além dessa graça específica da salvação eterna, ligada ao Escapulário, Nossa Senhora concedeu outra, que ficou conhecida como privilégio sabatino.
         No século seguinte, apareceu Ela ao Papa João XXII, a 3 de março de 1322, comunicando àqueles que usarem seu Escapulário:
                 "Eu, sua Mãe, baixarei graciosamente ao purgatório no sábado seguinte à sua morte, e os levarei daquelas penas e os levarei ao monte santo da vida eterna" .
Quais são, então, as promessas específicas de Nossa Senhora?
           1º. Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno.

         Que desejava Nossa Senhora dizer com estas palavras?- Em primeiro lugar, ao fazer a sua promessa, Maria não quer dizer que uma pessoa que morra em pecado mortal se salvará.
A morte em pecado mortal e a condenação são uma e a mesma coisa. A promessa de Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras:
         "Quem morrer revestido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal".
         Para tornar isto claro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra "piamente" na promessa: "aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno".
         2º. Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapulário, no primeiro sábado após sua morte.
         Embora freqüentemente se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, "tudo que a Igreja, para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado" .
         De qualquer modo, se formos fiéis em observar as palavras da Virgem Santíssima, Ela será muito mais fiel em observar as suas, como nos mostra o seguinte exemplo:
         Durante umas missões, tocado pela graça divina, certo jovem deixou a má vida e recebeu o Escapulário. Tempos depois recaiu nos costumes desregrados, e de mau tornou-se pior. Mas, apesar disso, conservou o santo Escapulário.
         A Virgem Santíssima, sempre Mãe, atingiu-o com grave enfermidade. Durante ela, o jovem viu-se em sonhos diante do justíssimo tribunal de Deus, que devido às suas perfídias e má vida, o condenou à eterna danação.
         Em vão o infeliz alegou ao Sumo Juiz que portava o Escapulário de sua Mãe Santíssima.
         - E onde estão os costumes que correspondem a esse Escapulário? - Perguntou-lhe Este.
         Sem saber o que responder, o desditoso voltou-se então para Nossa Senhora.
         - Eu não posso desfazer o que meu Filho já fez - respondeu-lhe Ela.
         - Mas, Senhora! - exclamou o jovem - Serei outro.
         - Tu me prometes?
         - Sim.
         - Pois então vive.
            Nesse momento o doente despertou, apavorado com o que vira e ouvira, fazendo votos de portar doravante mais seriamente o Escapulário de Maria.

         Com efeito, sarou e entrou para a Ordem dos Premonstratenses. Depois de vida edificante, entregou sua alma a Deus. Assim narram as crônicas dessa Ordem.

Fonte: