HOMILIA
Santa Missa celebrada pelo Papa Francisco
no Cemitério Verano de Roma
Sexta-feira, 01 de novembro de 2013
Neste momento, antes do pôr do sol, neste
Cemitério, nos reunimos e pensamos no nosso futuro, pensamos em todos aqueles
que já partiram, todos aqueles que nos precederam na vida e estão com o Senhor.
É tão bonita esta visão do céu que nós ouvimos na primeira leitura (cf. Ap
7,2-4.9-14). Senhor Deus a beleza, a
bondade, a verdade, a ternura, o amor total, aquilo que nos espera e aqueles
que nos precederam, que morreram no Senhor e estão lá. Proclamam que foram
santos, não pelas suas obras, fizeram obras boas, mas foram salvos pelos
Senhor, a salvação pertence ao nosso Deus, é Ele que nos salva, é Ele que nos
leva, como um Pai, pela mão, no final da nossa vida. Precisamente naquele Céu
onde estão nossos antepassados.
Um dos anciãos faz uma pergunta: quem são esses
vestidos de branco, esses justos, esses santos, que estão no céu? São aqueles
que vêm de uma grande tribulação e lavaram suas vestes, tornando-as cândidas no
sangue do Cordeiro. Somente entraram no céu, graças ao sangue do Cordeiro,
graças ao sangue de Cristo. É o sangue de Cristo que nos justificou, que abriu
as portas do Céu, e se hoje recordamos esses nossos irmãos que nos precederam
na vida, que estão no Céu, é porque eles foram lavados pelo sangue de Cristo.
Essa é nossa esperança. A esperança do sangue de Cristo. Essa esperança não dá
desilusão. Esperamos na vida, como o Senhor. Ele não cria nenhuma desilusão,
não nos dá desilusão, jamais.
João dizia aos seus apóstolos e seus discípulos:
veja que grande amor Ele deu, o Pai, para sermos chamados filhos de Deus (cf. 1
Jo 3, 1-3). Por isso, o mundo não nos conhece, somos filhos de Deus, mas o que
seremos ainda não nos foi revelado, é muito mais. Quando Ele se manifestar,
seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele é. Ver Deus, ser
semelhante a Deus, essa é a nossa esperança. E hoje, no dia de todos os santos,
antes do dia dos mortos, é necessário pensar um pouco na esperança. Essa esperança
que nos acompanha na vida.
Os primeiros cristãos falam da esperança e a
pintavam como uma âncora, como se a vida fosse a âncora naquela margem, onde
todos nós, andando, indo, segurando a corda. É uma belíssima imagem, essa
esperança. O coração ancorado lá, onde estão os nossos antepassados, os santos,
onde se encontra Jesus, onde está Deus. Esta é a esperança, esta é a esperança
que não cria desilusão.
Hoje e amanhã são dias de esperança. A esperança é
como o fermento que faz ampliar a alma, mas também existem momentos difíceis na
vida, mas com a esperança a alma vai avante, avante. Olha, olha aquilo que te
espera! Hoje é um dia de esperança, os nossos irmãos e irmãs estão na presença
de Deus, também nós, estaremos ali por graça do Senhor, se nós caminharmos na
estrada de Jesus.
E conclui o apóstolo: cada um que tem essa
esperança n’Ele purifica a sim mesmo. Também a esperança nos purifica, nos faz
ir mais depressa. Nesse pré pôr do sol, cada um de nós pode pensar no pôr do
sol de cada um, no meu, no seu, no nosso. Todos nós termos esse pôr do sol, mas
eu olho para ele com esperança? Olho com aquela alegria de ser recebido pelo
Senhor? Esse é o olhar cristão, isso nos dá paz. Hoje é dia de alegria, mas de
uma alegria serena, tranquila, alegria da paz.
Vamos pensar no pôr do sol de tantos irmãos que nos
precederam, o nosso pôr do sol que virá, vamos pensar no nosso coração, e vamos
nos perguntar: onde está ancorado o meu coração? Se ele não está ancorado bem,
vamos ancorá-lo lá, lá em cima sabendo que a esperança não nos dá desilusão,
porque o Senhor Jesus jamais irá nos desiludir.