Academia da Congregação Maria de Nossa Senhora Auxiliador e de São José

1. São José operário
 Papa Leão XIII com a Encíclica Quamquam Pluries (1889) exprime um sentimento paterno para os trabalhadores preocupando-se com a situação deles. O ponto de referência é o mistério da encarnação, que coloca em realce a dignidade do trabalho através de São José. “Os proletários, os operários e quantos são desafortunados... devem recorrer a São José e dele tomarem a sua imitação. Ele, se bem que da estirpe real, unido em matrimônio com a mais santa e excelsa entre as mulheres, e pai putativo do Filho de Deus, passou a sua vida no trabalho... O trabalho operário, longe de ser desonra...”. Da mesma forma, a Encíclica Rerum Novarum (1891), também de Leão XIII, afirma que Jesus “Embora sendo filho de Deus e Deus ele próprio, quis ser visto e considerado Filho do carpinteiro, e não negou de transcorrer uma grande parte da sua vida no trabalho manual”.
A Exortação Apostólica Redemptoris Custos (nº 22) evidencia claramente a missão de São José quando afirma que “Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção”.
A Encíclica Laborem Exercens de João Paulo II, Jesus dedicou a maior parte dos anos de sua vida sobre a terra ao trabalho manual, junto a um banco de carpinteiro (nº 6). Neste sentido “São José tem uma grande importância para Jesus, se verdadeiramente o Filho de Deus feito homem o escolheu para revestir a si mesmo de sua aparente filiação... Jesus o Cristo, quis assumir a sua qualificação humana e social deste operário (Paulo VI – Alocução 19/3/1964). Jesus “não se serviu das realidades humanas apenas para manifestar-se, mas uniu-se a elas para santificá-las com sua humanidade” (S Th, III q.8,a.1). Porque o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência humana, Jesus escolheu esta dimensão para qualificar o seu estado social.
Escolhendo de ser considerado Filho de José (Lc 3,23), Jesus herdou, como afirmamos, o título de Filho de Davi, mas contemporaneamente assumiu também o título de “Filho do Carpinteiro” (Mt 13,55), e na carpintaria de Nazaré trabalhou com mãos de homem (GS 22), santificando o trabalho.
Sendo que Jesus dividiu o seu trabalho com José na carpintaria, então nenhuma outra pessoa, depois de Maria, esteve tão próximo das mãos, da mente, da vontade e do coração de Jesus quanto José; por isso, Pio XII afirma que ele foi o Santo no qual penetrou grandemente o espírito do Evangelho.
Como sabemos, um carpinteiro, numa cidade pequena como Nazaré, naqueles tempos tinha diversas funções e não trabalhava somente com madeira, mas também com ferro (era ferreiro), preparava alicerces de casas, planejava e fazia valas para os mais diversos fins; quem sabe era até pedreiro... Era o Homem do Trabalho.
Após cumprir essa obrigação religiosa, retornava ao serviço: afinal, era com o suor do seu rosto, com a força de seus músculos e com os calos de suas mãos que tirava o sustento para si e para a sua família.
Portanto, competia ao povo lembrar e pôr em prática todos os mandamentos. Feito esse momento de oração, retomava-se novamente o trabalho, até o fim da jornada.
Assim, aquele pequeno recanto da casa pobre de Nazaré que acolheu por muitos anos as três personagens mais importantes que viveram na terra: Jesus, Maria e José. Nada ali se manifestava grandioso, portentoso ou extraordinário. José, era focado ao barulho da serra e do martelo, procurava dia após dia cadenciar tudo com suas orações e meditações. Animado por esse espírito, todos os seus trabalhos assumiam um significado profundo e imenso diante de Deus. Afinal, era ali, de maneira escondida, que se processava um grande mistério: um artesão pobre ensinava ao próprio Filho de Deus uma profissão e este lhe obedecia colocando em prática todos os seus ensinamentos.
Sua característica foi justamente o devotamente total de sua vida ao serviço da encarnação e da missão redentora do Filho de Deus, missão única e grandiosa. Por isso, foi enriquecido abundantemente com dons especiais por parte de Deus, e sua vida, iluminada por uma luz divina.
A Constituição dogmática Gaudium et spes afirma que o Onipotente artífice do universo verdadeiramente "trabalhou com mãos de homem", santificando diretamente o trabalho humano. José foi perante a Providência divina o necessário instrumento de tal redenção, dada justamente na sua própria carpintaria, através de uma missão que ele não somente a exercitou ao lado de Jesus, mas inclusive acima de Jesus, o qual lhe era submisso (Lc 2,51).

Eficaz contra o Comunismo.
“... Agora se faz necessário considerar uma outra causa de perturbação, muito mais profunda, que se aninha justamente no mais íntimo da sociedade humana: dado que o flagelo da guerra se abateu sobre as pessoas quando elas já estavam profundamente infectadas pelo naturalismo, isto é, por aquelas grande peste do século que, onde se enraíza, diminui o desejo dos bens celestes, apaga a chama da caridade divina e retira do homem a graça salvadora e elevadora de Cristo até que, tolhida dele a luz da fé e deixadas a ele as solitárias e corrompidas forças da natureza, o abandona à mercê das mais insanas paixões.
Por isto, devemos constatar com verdadeira dor que agora os costumes públicos são bem mais depravados e corrompidos que antes, e que portanto a assim chamada “questão social” foi-se agravando a tal ponto de suscitar a ameaça de irreparáveis ruínas.
De fato amadureceu nos desejos e nas expectativas de todos os sediciosos a chegada de uma certa república universal, a qual seria fundada sobre a igualdade absoluta entre os homens e sobre a comunhão dos bens, e na qual não haveria mais distinção alguma de nacionalidade, nem teria mais que reconhecer-se a autoridade do pai sobre os filhos, nem dos poderes públicos sobre os cidadãos, nem de Deus sobre os homens reunidos em sociedade civil
Agora, pelo mesmo motivo, ou seja, para recordar o dever aos nossos fiéis que estão em toda parte e ganham o pão com o trabalho, e para conservá-los imunes do contágio do socialismo, o inimigo mais implacável dos princípios cristãos, Nós, com grande solicitude, propomos a eles de modo particular São José, para que o sigam como guia e o honrem como celeste Patrono. Ele de fato levou uma vida similar a deles, tanto é verdade que Jesus bendito, enquanto era o Unigênito do Pai Eterno, quis ser chamado “o Filho do carpinteiro”. Mas aquela sua humilde e pobre condição, de quais e quantas virtudes excelsas Ele soube adornar! Ou seja, virtudes que deviam resplandecer no esposo de Maria Imaculada e no pai putativo de Jesus Cristo. Por isso, na escola de São José, aprendam todos a considerar as coisas presentes, que passam, à luz das futuras, que permanecem para sempre; e, consolando as inevitáveis dificuldades da condição humana com a esperança dos bens celestes, a estes aspirem com todas as forças, resignados à vontade divina, sobriamente vivendo segundo os ditames da piedade e da justiça. Ao que diz respeito especialmente aos operários, nos agrada relembrar aqui as palavras que proclamou em circunstância análoga o nosso predecessor de feliz memória Leão XIII, pois elas, ao nosso parecer, não poderiam ser mais oportunas: “Considerando estas coisas, os pobres, e quantos vivem com o fruto do trabalho, devem sentir-se animados por um sentimento superior de equidade, pois se a justiça permite-lhes elevar-se da indigência e de conseguir um melhor bem-estar, porém é proibido pela justiça e pela mesma razão de perturbar a ordem que foi constituída pela divina Providência. Aliás, é conselho insensato usar de violência e buscar melhorias através de revoltas e tumultos, os quais, na maioria das vezes, nada mais fazem que agravar ainda mais aquelas dificuldades que se desejam diminuir. Portanto, se os pobres querem agir sabiamente, não confiarão nas vãs promessas dos demagogos, mas sim no exemplo e no patrocínio de São José e na caridade materna da Igreja, a qual dia após dia tem por eles um zelo sempre maior” (Carta Encíclica “Quamquam pluries” )...”
(Bonus Sane, Carta Encíclica de S.S. o Papa Bento XV (Motu Proprio), 25 de julho de 1920