12 de março- As Quartas-Feiras são dedicados a São José

As Quartas-Feiras são dedicados a São José


    Quase todos católicos sabem que o mês de maio é dedicado a Nossa Senhora, assim como o mês de junho ao Sagrado Coração de Jesus, mas são poucos os que sabem que o mês de março é dedicado a São José, assim como também todas as quartas-feiras da semana. A origem da devoção no mês de março ao santo Patriarca é devida a pequenos impulsos provenientes de alguns livros que incentivaram a referida devoção e que encontraram ressonância nos fieis devotos. De fato, em 1802, foi impresso para uso da Confraria de uma paróquia de Modena-Itália, um opúsculo “O mês do Lírio, ou seja, o mês de junho consagrado a São José”. Um título estranho, assim como estranho foi o mês escolhido, mas foi o começo de uma prática devocional ao nosso Santo que perdurou mais de 200 anos.
     Contudo, o mês de março se impôs com a publicação em 1810, em Roma, do livro de Marconi intitulado “ O mês de março consagrado ao glorioso Patriarca São José, esposo da Virgem Maria para obter o seu patrocínio na vida e na morte”. São Gaspar Bertoni ficou entusiasmado com esse livro e procurou ler suas meditações durante toda a sua vida passando a recomendar e a celebrar os exercícios de piedade contidos nele, e, por fim, se preocupou com a edição deste em 1844.
     Em seguida, a prática do mês de São José foi aprovada e indulgenciada; primeiro com uma explícita referência de Pio IX, no dia 12 de junho de 1855; “sobre as virtudes do santo patriarca José ao dedicar-lhe o mês de março”, depois, no dia 27 de abril de 1865, com as palavras: ” para que aumente sempre mais a devoção para com o grande patrono celeste e para que este método de oração se propague mais facilmente e amplamente”; e com isso o papa concedeu indulgências a todos que praticassem o exercício de oração e virtudes em relação a São José durante todo o mês de março. O mesmo papa, no dia 4 de fevereiro de 1877, deu permissão para iniciar o mês de São José no dia 16 ou 17 de fevereiro e para terminá-lo no dia 19 de março, dia em que se celebra em toda a Igreja a festa do glorioso Patriarca.
     O papa Leão XIII, na encíclica “Quamquam pluries “ de 15 de agosto de 1889, lembra o salutar costume de dedicar o mês de março a São José com exercícios de piedade e o recomenda a todos os cristãos pedindo que se pratique ao menos um tríduo de oração por ocasião de sua festa.
     Por ocasião do cinquentenário da proclamação de São José como Patrono da Igreja, no dia 25 de julho de 1920, o papa Bento XV em seu Motu próprio Bonum sane pedia a todos os bispos para implorarem a ajuda de São José lembrando-lhes as várias maneiras de devoção dedicadas a ele, especialmente todas as quartas-feiras e o mês de março.
     Da mesma maneira o papa João XXIII, no dia 28 de fevereiro de 1962, lembrava que estava na vigília do mês de março e que este mês era dedicado de maneira particular a São José, guarda puríssimo de Maria e pai putativo do Redentor. Exortava, aos fieis a aproveitarem desta ocasião propícia para seguirem com assiduidade e devoção a pia prática do mês de março em honra a São José.
    O papa João Paulo II em sua exortação apostólica “Redemptoris custos” ensinou que São José é muito mais que uma “piedosa presença” no âmbito das devoções populares, pois ele teve a missão de servir diretamente a pessoa e a missão de Jesus mediante o exercício de sua paternidade, cooperando com o mistério da salvação da humanidade.
    Diante de lúcido pensamento, o mês de março se apresenta como uma oportuna ocasião para conhecer o guarda do Redentor e a ele tributar nossos louvores de devotos josefinos.
     Ainda no que diz respeito a prática da devoção a São José, é preciso dizer que os cristãos desde o século II celebravam os domingos referência a Páscoa e as quartas e sextas-feiras em referência ao dia a prisão e da morte de Cristo; inclusive estes dois dias da semana eram considerados dias de jejum. Mais tarde, a partir do monge Alcuíno, morto em 804, os dias da semana foram coligados com um mistério da salvação em referência a uma virtude ou a um santo e então a quarta-feira passou a ser ligada, dentre outras coisas, à virtude da humildade.
     O nome de São José era celebrado no dia 19 de março, segundo o Missal romano de Pio V, editado no ano de 1570, mas seu nome não era ligado às quartas-feiras. Foi com o jesuíta Paul Barry, que em 1939 publicou um livro sobre a devoção a São José que se consolidou o costume de dedicar um dia da semana a São José, mas este não foi a quarta-feira, mas o sábado. Para justificar essa prática o autor dizia de ”Destinar um dia da semana para honrar de maneira particularíssima São José, e o sábado parece o mais indicado de todos para que ele seja honrado conjuntamente com sua esposa no mesmo dia”. Esta ideia se difundiu, mas é preciso notar que em vários países havia uma corrente de pensamento que propunha a quarta-feira para honrar São José, e esta se tornou mais forte depois do ano de 1650, sem, contudo desaparecer a ideia da prática devocional nos sábados, sobretudo pela razão alegada de “não separar nas orações os esposos de Nazaré”.
     A confirmação da prática da devoção a São José nas quartas-feiras se consolidou, sobretudo pelos incentivos dos papas, como por exemplo, do papa Inocêncio XII que em 1695 concedia indulgências aos membros da Confraria de São José que visitassem na quarta-feira a igreja dos carmelitanos descalços em Bruxelas. Já o papa Bento XIV concedia aos carmelitas descalços da Catalunha em 1745, a permissão de celebrar uma missa solene de São José toda quarta-feira do ano. Da mesma maneira o papa Clemente XIV autorizava aos mesmos religiosos celebrar uma segunda missa solene aos fieis no mesmo dia. O papa Pio VII, em 1819, concedia indulgência para todas as quartas-feiras do ano a quem rezasse nestes dias as Dores e Alegrias de São José. No dia 5 de julho de 1883, o papa Leão XIII confirmava a quarta-feira como dia de São José em toda a Igreja com missa votiva correspondente. O papa Bento XV por ocasião do cinqüentenário da proclamação de São José como Patrono da Igreja Universal enfatizava a importância da consagração de todas as quartas-feiras e dos dias do mês de março consagrados a São José.
     Juntamente com as quartas-feiras dedicadas a São José não faltou também, a partir de 1645, com o carmelitano Antonie de La Mère de Dieu, da região de Avinhão – França, a prática devocional “das quinze quartas-feiras” com meditações sobre os mistérios dolorosos e gozosos de São José. Em 1676 o carmelitano belga Ignace de Saint-François propôs a devoção “das sete quartas-feiras” em honra dos sete privilégios de São José. Esta prática foi incentivada e seguida por várias congregações religiosas. Por fim, Madre Marie-Marguerite de Valbelle no início de 1700, colocava para sua comunidade a prática da “primeira quarta-feira” do mês com o objetivo de obter do santo Patriarca a graça de uma santa morte. Esta prática foi acolhida por Bento XV com indulgência plena para todos fieis que cumprissem esse exercício de piedade josefino.

Pe. José Antonio Bertolin, OSJ


11 de Março - Oração a São José Composta por São Pio X

Indulgência de 300 dias se recitada uma vez ao dia


Glorioso São José, modelo de todos aqueles que são votados ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações; trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos desperdiçados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus, tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, Ó! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte!
 Amém.


10 de Março - Início da Novena - Sobre o Cordão de São José

Cordão de São José


     O Cordão de São José teve sua origem na Bélgica, mais precisamente, na cidade de Anvers, onde se localizava o convento das Agostinianas. Conta-se que Sóror Isabel Sillevorts foi, em determinada ocasião, atacada do “mal de pedra”, sem que todos os recursos da medicina, empregados para curá-la, surtissem qualquer efeito. Devota de São José, Sóror Isabel, animada da mais firme confiança no Patrocínio deste Glorioso Santo, conseguiu que um Sacerdote lhe benzesse um cordão, cingindo-o à cintura, em homenagem ao grande Patriarca, abandonando, dessa forma, os recursos da terapêutica e iniciando, com todo o fervor, uma Novena de Súplica ao Esposo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus. Alguns dias depois, mais precisamente em 10 de junho de 1649, quando, entre fortes dores, fazia ao Santo as mais ardentes súplicas, Sóror Isabel se vê livre de um cálculo de dimensões muito grandes, ficando, assim, completamente curada.
A repercussão do milagre foi muito grande e rápida, fazendo com que aumentasse, nos habitantes de Anvers, a devoção a São José, que já não era pequena. Em 1842, na Igreja de São Nicolau, em Verona, por ocasião dos piedosos exercícios do mês de São Paulo, foi esse fato publicado, causando grande repercussão e muitas pessoas enfermas cingiram-se com o cordão bento e experimentaram o valioso auxílio do Glorioso Patriarca, o Santíssimo José. O uso do Cordão de São José foi crescendo cada vez mais e, hoje, ele não é só procurado para alívio das enfermidades corporais, mas, também, e com igual sucesso, para os perigos da alma. Devemos, também, salientar que, o Cordão de São José é utilizado como uma arma poderosa, contra o demônio da impureza. Devido à sua comprovada eficácia contra os males corporais, espirituais e morais, a Santa Sé autorizou a Devoção do Cordão de São José, permitindo até que fosse usado pública e solenemente. Permitiu, também, a Santa Sé a fundação da Confraria e Arquiconfraria do Cordão de São José, elevando uma delas à categoria de PRIMÁRIA. Em setembro de 1859, dando provimento a uma petição do Bispo de Verona, a Sagrada Congregação dos Ritos aprovou a fórmula da Bênção do Cordão de São José.
O cordão de São José deve ser feito de linho ou algodão bem alvejado. A pureza e a alvura desses materiais indicam a candura e virginal pureza de São José, Castíssimo Esposo da Virgem Mãe de Deus. Numa das extremidades leva sete nós que representam as sete dores e alegrias do Glorioso Patriarca. Por fim, deve ser bento com a bênção própria, por sacerdotes que tenham faculdades para isso.  O cordão de São José, desde que esteja devidamente bento, pode ser usado cingido à cintura (o cordão maior) sobre ou abaixo da roupa, pulso (o cordão menor), pode, também, ser usado no carro, nos livros escolares, na carteira de documentos, na carteira de motorista, no travesseiro etc. Pode, também, ser colocado na cabeceira da cama ou bem guardado, para, por ocasião de dores ou sofrimentos físicos, aplicá-lo com fé e confiança na parte enferma do corpo, como se costumam fazer com medalhas.

Quem usa habitualmente o cordão de São José recebe a graça da boa morte.
Quem traz constantemente o cordão consigo tem a proteção, especialmente na guarda e defesa da sublime virtude da Castidade, em qualquer de seus três graus e categorias (castidade dos esposos, dos solteiros e dos consagrados).
     É de surpreendente efeito para as gestantes, que o levam cingido, protegendo-as em perigo de aborto, nos partos difíceis, etc., como o atestam centenas de testemunhos.
   Deve-se rezar diariamente 7 Glórias em honra das dores e alegrias de São José, ou qualquer outra oração a São José.
     O Papa Pio IX enriqueceu esta fácil e benéfica devoção, com várias indulgências plenárias e parciais.
Dias nos quais se lucram indulgências plenárias trazendo consigo o Cordão de São José.
·                     No dia do recebimento do Cordão;
·                     No Natal (25/12);
·                     Na Festa de Nossa Senhora Mãe de Deus e Circuncisão (01/01);
·                     Na Festa de Reis (06/01);
·                     Na Festa dos Esponsais de São José (23/01);
·                     Na Festa de São José (19/03);
·                     Na festa de São José Operário (01/05);
·                     Na Festa da Assunção de Nossa Senhora (15/08);
·                     Na Festa do Imaculado Coração de Maria (22/08);
·                     Na Festa da Páscoa;
·                     Na Festa da Ascensão;
·                     Na Festa de Pentecostes;
·                     Na Festa de Corpus Christi;
·                     Na Festa do Sagrado Coração de Jesus e
·                     Em perigo de morte.

Condições para ganhar as indulgências plenárias
a) Confissão;
b) Comunhão;
c) Um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai, nas intenções do Santo Padre o Papa.
- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado 

9 de Março - Mês Dedicado a São José Da Jornada que São José fez a Belém com a Virgem Para Obedecer ao Edito de Cesar




Havia já a soberana Senhora chegado ao nono mês da maravilhosa Conceição do Verbo Divino, quando se publicou em Nazaré a notícia de que mandava Cesar Augusto, imperador segundo dos romanos, que naquele tempo regia grande parte do mundo conhecido, e gozava de suma paz no seu império, que todos os seus vassalos se alistassem naquelas cidades onde tinham sua origem, a fim de pagarem certo tributo em sinal de reconhecimento e vassalagem.
            Remeteu o Imperador esta ordem a Quirino, Governador da Síria, o qual, por edito público, a fez promulgar em todas as províncias da sua jurisdição.
            Para obedecer pronto a este decreto, viu-se São José obrigado a passar a Belém, que era o solar de toda a estirpe régia de Davi, donde o Santo procedia.
            Este era o ambicioso projeto do Imperador Augusto; mas a providência incompreensível de Deus dispôs que juntamente fosse Maria Santíssima, não sendo obrigada, com seu esposo São José, não só para que ali nascesse o Verbo Divino humanado, segundo a profecia de Miquéias, que no capítulo 5, versículo 3, claramente anunciara que o Messias havia de ter Belém por pátria, mas para ficar por aquele meio descrito, nos fatos romanos, a família e progênie de Jesus Cristo enquanto homem, de cujo assentamento se valeram São Justino Mártir e Tertuliano para convencerem os ímpios.
            Distava Belém de Nazaré trinta léguas com pouca diferença, indo a Virgem Maria montada em um jumento, que São José guiava, e acompanhados de um boi, para suprir com a venda da carne do mesmo os gastos do tributo e da viagem e para solenizar o dia em que nascesse feito homem o Primogênito do Pai Eterno, distribuindo-a pelos pobres.
            Seriam cinco horas da tarde do dia quinto da sua jornada, quando São José e a Virgem chegaram a Belém, e entrando na cidade para buscarem abrigo, e descansarem de tão larga viagem, não foi possível achar aposento. Seguia a honestíssima Rainha e seu Esposo, de porta em porta, procurando agasalho entre o tumulto de muita gente que ali havia concorrido para obedecer ao Decreto do Imperador romano.
            Caminhando pela cidade, chegaram à casa onde estavam os oficiais do registro público, e ali se alistaram e pagaram o competente tributo. Logo prosseguiram em sua diligência, buscando cômodo em outras muitas casas, mesmo de parentes e amigos, e em todas respondiam ao pacientíssimo São José, como diz São Lucas, que não havia lugar para se hospedarem.
            Grande foi a aflição da Senhora, vendo-se entre tanta multidão de gente contra o seu gênio modesto e retraído; porém, o Santo e fidelíssimo São José sentia muito mais aquela extrema impossibilidade, em que se via, de não poder acomodar sua Santíssima Esposa, donzela tão delicada, que ainda não tinha feito quinze anos, a quem ele amava, e venerava sobre tudo, vendo estar tiritando, em uma noite tão fria, a formosura dos Anjos, exposta a todos os rigores do tempo, sem descanso, sem casa, sem abrigo; mas, sem dúvida, não foi pequena a glória para o nosso Santo achar-se entre as trevas da noite, aspereza da estação, desprezo dos parentes, e, desamparado dos amigos, ser ele só o único e fiel amparo e consolação da Rainha dos céus e Senhora do mundo.
            A ingratidão dessa gente deu motivo a que São José e sua Esposa para sair da cidade e procurarem uma caverna, que estava junto aos muros, para a parte do Oriente, na qual, como receptáculo comum, costumavam albergar-se os pastores e pobres peregrinos. Esta concavidade estava aberta no penhasco, e a ela seguia-se outra que servia de redil com uma manjedoura feita na mesma penha.
            Uma vez entrados, os santos Esposos puseram-se de joelhos, dando graças ao Senhor pelos altos juízos, com que dispunha os seus Mistérios, e logo começaram ambos a limpar a gruta com grande e santa emulação. São José acendeu uma pequena fogueira porque o frio era grande, e acercaram-se dela para receber algum calor, e do pobre sustento, que levavam, comeram, ou cearam com incomparável alegria de suas almas. Depois deram graças a Deus, e a Virgem rogou a seu Esposo José que se recolhesse a descansar e dormir um pouco, pois já era alta noite.
            Nessa ocasião, entra também a Virgem em êxtases e, de repente, radiante de felicidade, aperta nos braços contra o peito um menino, seu filho. Veio, como vêm os raios do sol, como a luz atravessa o cristal e o ilumina com seus raios, fazendo sobressair a sua transparência e pureza.
            Pura, sem mácula, antes do parto, pura e sem mácula ficou depois.
            Voltando a si do êxtase, ouviu São José o vagido de uma criança e correu pressuroso para junto de sua Virginal Esposa, encontrando-a com seu divino Filho nos braços.
            Foi São José o primeiro homem que mereceu e gozou, neste mundo, ver, com os próprios olhos, nascido o que não tem princípio, o imenso reduzido a lugar, o resplendor do Pai Eterno disfarçado na fraqueza humana.
            A Virgem depôs seu divino Filho sobre as palhas da manjedoura, tendo por travesseiro uma pedra que cobrira com panos e que ainda se mostra na Terra Santa e é reverenciada e beijada, com devotas lágrimas, pelos peregrinos.
            Junto estavam o jumento em que tinha viajado a Virgem e o boi que os Sagrados Esposos levaram para festejar o nascimento, e que com seus bafos aqueciam o divino recém-nascido. Sendo muito o frio, a Virgem Maria cobriu o tenro corpo do Menino com o seu véu, e São José com a sua capa.
            A alegria e júbilos que teria a soberana Senhora com o nascimento de seu amado Filho, não há entendimento ou língua que o possa compreender ou declarar vendo a Deus incriado nascido no tempo, ao Deus imenso e insensível apertado em seus braços, já adorando-o como Senhor, já beijando-o como Menino; e sendo também incompreensíveis as consolações celestiais, que, nesta ocasião, recebeu o bem-aventurado São José. Alegrava-se o Santo, vendo aquela joia divina, que o Pai Eterno lhe havia confiado, e considerando-se enriquecido com tão altos títulos de que Deus o havia feito participante na pessoa de seu Filho, repartindo com ele a dignidade real e fazendo-o não só guarda, aio e camarista do Rei da Glória, mas também pai legal por o haver adotado como Filho, e Filho de sua Esposa, gerado por obra e graça do Espírito Santo.
            Alegrava-se pelos bens incomparáveis de sua Esposa, tomando em seus braços a Jesus, doce prenda, em que estava recopilada toda a onipotência do Pai Eterno, que, ainda que pequenino no corpo, não só enchia todo o mundo, mas vinha para o reparar.
            Alegrava-se e também se confundia, vendo que, no segredo desta dignidade suprema de pai de Cristo, que o Altíssimo lhe concedera por um privilégio de graça mui especial, não só ficara excedendo a Patriarcas, Profetas, Evangelistas e Apóstolos, mas a todas as criaturas até as angélicas, pois que a Mãe e o Filho de Deus, elegendo-o para esposo e pai, quiseram, de algum modo, ser menos que ele.
- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.
http://almasdevotas.blogspot.com.br/2012/03/9-de-marco-mes-dedicado-sao-jose.html

8 de Março - Mês Dedicado a São José Vida de São José com a Virgem Maria na casa de Nazaré


     Após as cerimônias do matrimônio, começou São José a preparar sua casa com aquele incomparável contentamento que recebeu na posse e companhia da soberana Senhora, na qual notava os tesouros imensos das excelências e virtudes que Deus tinha depositado em seu coração.
       Notara a providência solícita, que aplicava ao bom governo da sua casa; o alinho, a limpeza e o asseio dela, exercendo as ocupações domésticas com tal perfeição, como se toda a vida as tivera usado. Experimentava a contínua caridade com que o tratava, como se de outra coisa não cuidasse; e de tal maneira se empregava nas obras ativas, que não faltava as da religião e contemplação, concordando, sem faltar à gravidade decente e humildade profunda, a temperança prudente com a penitência exata, e assim nas demais virtudes.
            Tudo isto causara no venturoso Santo tão grande admiração e reverência, que a terra, que a Virgem pisava, tinha por digna de veneração, observando, interiormente, maravilhosos efeitos da companhia de tão santa Esposa, assim nos afetos da pureza, como no desprezo eficaz das coisas terrenas e mundanas. Causara-lhe a formosura da Virgem tantos motivos de perfeição e efeitos de virtude, que andava o bem-aventurado José todo espiritualizado, parecendo-se com aquela sarça ardente que admirou Moisés no monte Horeb, a qual ardia e não se queimava, fazendo também em
si possível o que Salomão teve por dificultoso, que era poder alguém trazer fogo no seio sem se abrasar, isto é, habitar um homem moço com sua esposa donzela e formosa, conservando o mesmo estado virginal juntamente com o matrimônio. Esta dificuldade da fraqueza humana venceu o nosso Santo, que, com estar casado com a mesma beleza e formosura, vivendo e comendo na mesma casa com a Virgem, procedeu com tanta pureza, que não teve lugar em seu peito nem ainda um pensamento que não fosse reto e puro. Verdade seja que estava a Virgem cheia de castidade tão intensa e eficaz, que movia os corações de todos à pureza de pensamentos.
            Para corroborar mais esta pureza, em que ambos os Santos esposos desejaram permanecer heroicamente cândidos, renovaram o voto de virgindade que tinham feito, e, nesta conformidade, suplicou logo a Virgem ao Altíssimo o aumento da graça para seu Esposo, e o Senhor, condescendendo propício a tão humildes rogos, operou no espírito de São José efeitos tão divinos, que não podem reduzir a palavras. Infundiu-lhe de novo perfeitíssimos hábitos de todas as virtudes, e o confirmou em graça por modo admirável, ficando o Santo Esposo na virtude de castidade em grau mais excelente que a pureza dos Serafins.
            Quão profundamente devia estar radicada em São José aquela virtude, para conviver diariamente com sua esposa a Virgem das virgens! A virgindade, a mais nobre de todas, a mais zelosa e delicada, e tal, que toda se turbou, quando houve de falar só com um Anjo porque o viu em forma de homem! Por outro princípio, devia São José com tal cautela ser custódia de tal virgindade, que havia de dar, exteriormente, a entender ao mundo o contrário, para que o parto santíssimo de Maria não fosse reputado ilegítimo, e a Mãe não arriscasse a vida e a reputação. De quanta prudência, pois, devia ser dotado São José para negócio tão difícil? De quanta circunspecção, de quanta capacidade, de quanta advertência, de maneira que tratasse com a Virgem por um modo que lhe mostrasse uma segurança de amante Esposo, e lhe tivesse um reverente respeito de pessoa estranha?
            Basta dizer que chegou a tanto o seu prudentíssimo trato que pode enganar o próprio demônio.
            Desta forma, reduzido ao mais puro exemplar de candura, dispôs-se o venturo São José a viver na companhia de sua puríssima Esposa com uma união sociável a mais perfeita e excelente. Oh que amor tão doce, tão verdadeiro e inseparável, unido com o maior vínculo do amor divino! Guardaram-se neste santo Matrimônio os ápices da perfeição, e esta união de pensamentos e semelhança de virtudes e costumes foi a primeira base em que o Espírito Santo estabeleceu a vida conjugal dos santíssimos Esposos com as consequências que pondera São Bernardino de Sena, dizendo:
            “Por atenção e respeito à Santíssima Virgem, foi preciso que este Varão fosse de maravilhosa graça e virtude, principalmente em três coisas: na união matrimonial, convivência contínua e administração solícita”.
            “O certo é que a honra, que o ditosíssimo José recebia da Rainha do céu, foi tão grande, que a podiam cobiçar os Serafins, segundo a veneração com que o tratavam, como a quem Deus havia constituído cabeça e príncipe da sua casa, chamando-lhe Senhor, do que admirado o devotíssimo Gerson exclamou: “Ó admirável alteza tua, José! Ó dignidade incomparável! Que a Mãe de Deus, a Rainha do céu, e Senhora do mundo não julgasse coisa indigna da sua grandeza chamar-te Senhor!”.
            Diz um cronista da Virgem que, “não obstante ser São José santo e reto, depois que se desposou com a soberana Princesa, se deixava respeitar e servir dela, guardando em tudo a autoridade de cabeça e de varão, ainda que a temperava com a rara humildade e prudência, à imitação dos Padres antigos e Patriarcas, de quem não devia degenerar, para que as mulheres fossem obedientes e sujeitas a seus maridos. E a Senhora – conclui – o servia com incomparável respeito e prontidão, e muitas vezes de joelhos. Servia-o à mesa, dava-lhe o lugar para se assentar, trazia-lhe a comida, administrava-lhe a bebida, e depois disso lhe mandava São José que se assentasse”.
            Ó incomparável regalia de São José! Como dignos exemplares dos bons esposos, eram ambos solícitos no trabalho, tudo fazendo por suas mãos, não só para não comer o pão ocioso, mas para que, à custa do seu suor, pudessem remediar a pobreza. De todos os bens, que herdaram de seus pais, e de seu patrimônio fizeram depositário os pobres e herdeiro a Deus, reservando unicamente para si a casa, em que a Virgem havia nascido e seus pais lhe deixaram, com alguns pobres móveis, sem os quais não se podem acomodar à vida comum de família.
            Estava a humilde, porém ditosa casa, habitação dos dois Esposos, repartida em três aposentos: em um dormia São José, que talvez, para imitar o rigor de seu bisavô Jacó, repousasse sobre a dura terra com uma pedra à cabeceira; em outro trabalhava e tinha os instrumentos de seu ofício; no terceiro assistia e dormia a Rainha dos céus em uma cama feita pelas mãos do Santo, e, sem criado ou serva, derribavam esses valorosos desposados, com dois golpes, o poder do reino da carne e do mundo, desprezando deleites e riquezas, para voarem, sem embaraços, pelo caminho das virtudes; e porque haviam de ser pais de Cristo, que foi pobre e elegeu os pobres, ganhavam o alimento com o trabalho de suas mãos em uma honestíssima pobreza. Desta maneira, ainda que Nazaré admirava as resplandecentes virtudes dos virginais Esposos, ignorava, contudo, o tesouro encoberto, que possui neles.
- - - - - - - - - - - -
A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927
http://almasdevotas.blogspot.com.br/2012/03/8-de-marco-mes-dedicado-sao-jose.html

7 de Março

Como São José conheceu a misteriosa Conceição do Verbo na Virgem, e não a quis receber em Matrimônio; Declaração do Anjo ao mesmo Santo



  
  De volta a Nazaré, foram se acentuando os sinais da maternidade na Virgem Maria. Como Deus salvaria a honra de sua virgindade, perante os homens e aos olhos de São José? Este pensamento teve a Virgem Maria, mas o que teria sido uma angústia para uma alma de natureza vulgar, preocupada consigo mesma, não podia perturbar a serenidade daquela que tinha dito: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. – Os que se reconhecem instrumentos de Deus e se entregam a Ele na plenitude da fé, põem n’Ele toda sua confiança. Maria, entregou-se a Deus e permaneceu em paz.
  São José que não tinha sido iniciado no mistério do qual a Virgem Maria, por humildade e reserva, guardara o segredo, percebeu o seu estado. As aparências levariam a crer na infidelidade, mas o respeito à sua virtude afastava toda a suspeita. Não podendo penetrar nos desígnios de Deus, ele estava perplexo e na dúvida de recebê-la em matrimônio, isto é, de recebê-la em sua casa, para conviver com ela. Em sua justiça humana, tomou o partido que lhe pareceu melhor, qual o de afastar-se da cidade, fugindo daquele lugar para não denunciá-la, o que era obrigado a fazer pela lei.
   São José, em vez de fazer juízo temerário, via e ouvia o que se passava, sem dizer coisa alguma contra a Virgem Maria, tornando-se por isso o defensor da boa reputação, entre os cristãos.
   Versado como era nas sagradas escrituras e com a ciência infusa, lembrou-se que os Profetas asseguraram que uma Virgem seria a Mãe do Messias e então, em sua humildade, pensara: Ah! Que sou indigno; é preferível que me afaste secretamente por causa da minha indignidade e que não habite em sua companhia.
   Deus, porém, não quis deixá-lo neste estado por muito tempo. Uma noite, o Anjo do Senhor, o mesmo que lhe ordenou que comparecesse ao Templo e aceitasse a Virgem Maria como esposa, apareceu-lhe durante o sono e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua mulher: porque o que nela se passa é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e o chamará – Jesus (Salvador) – porque Ele há de salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 20).
   E tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que disse o Senhor pelo profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho. E chamarão o seu nome Emmanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Is 7, 14).
  Certificado assim São José pela revelação do Anjo na evidência do mistério, despertou com o espírito sereno e cheio de incomparável júbilo, conheceu, manifestamente, a excelência de sua puríssima esposa, a quem reputou por Mãe verdadeira do mesmo Deus, dispondo-se, com o mais profundo desvelo e afeto, a servi-la e venerá-la, e nela ao mesmo Senhor, que trazia em seu virginal seio! Logo convocando os seus amigos e parentes, para a celebração das cerimônias externas a que os judeus chamavam casamento, recebeu-a como sua esposa; e viveram sempre como irmãos.

- - - - - - - - - - - -


A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.

6 de Março - Mês Dedicado a São José

Encarnação do Verbo Divino e Visita da Virgem Maria 
à Sua Prima Santa Isabel


             Corria o quarto mês depois dos Desposorios, quando o Senhor, encontrando na puríssima Virgem todas as virtudes heroicas correspondentes ao seu agrado, quis estender o braço da Onipotência à maior de suas obras, dispondo a Encarnação inefável do Verbo Divino no virginal seio de Maria Santíssima.
            Para isto, entrando já o tempo alegre da primavera, a 25 de Março, enviou Deus o Arcanjo São Gabriel por embaixador de tão alto mistério, o qual por sua natural sutileza, penetrando a clausura da porta, apareceu, em forma humana e refulgente, à ditosíssima Virgem, que estava só e recolhida, orando no cubículo interior da sua pobre casa de Nazaré. Saudou-a com uma profunda veneração e com termos mui novos e especiais, como a sua Rainha e Senhora, em quem adorava os mistérios altíssimos de seu Criador. Deu-lhe a saber que o Verbo Divino tinha resolvido tomar a forma de homem para remir e salvar a humanidade e a tinha escolhido para sua Mãe augusta, ficando sem detrimento, antes muito mais pura, a sua virginal integridade, concorrendo para isso a virtude do Espírito Santo, que também era a do Altíssimo.
            Ouvindo a Virgem o que lhe anunciava o Anjo, se turbou, e ele, para alentar a sua humilde modéstia e corroborar a sua fé na Onipotência divina, lhe advertiu que sua prima Isabel também havia concebido um filho sem embargo de a ter posto a natureza em esterilidade e os anos em velhice.
            Confortada a Virgem com as palavras do Anjo, e esperando este pela sua resposta e consentimento, pôs a Rainha dos céus os joelhos em terra e, erguendo o coração e as mãos a Deus, aniquilando-se diante dele, disse, com profunda humildade: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra; e no mesmo instante, por virtude do Espírito Santo, concebeu Maria Santíssima em seu puríssimo seio ao Filho de Deus, dignando-se o Verbo eterno, sem horror, de trocar o seio celestial do Pai pelo sagrado seio virginal de sua Mãe, passando a Virgem Maria de consorte de um pobre carpinteiro a ser Esposa do Arquiteto do Céu, como ponderou Santo Agostinho.
            Há dúvida com relação à hora em que se realizou essa divina embaixada, se pela manhã, ao meio dia ou à tarde, nascendo daí o louvável costume que a Igreja tem em dizer àquelas horas a saudação angélica da Ave Maria. Pensam alguns que fora à meia noite em ponto.
            Executado o profundo mistério da Encarnação do Verbo, e certificada a soberana Virgem pela embaixada do Anjo de que Santa Isabel, sua prima, havia já seis meses, gozava a milagrosa fortuna da fecundidade, concebendo também um filho, que seria grande diante de Deus e dos homens, resolveu, inspirada pelo Espírito Santo, ir visitá-la imediatamente, porque entendeu ser este o beneplácito do Altíssimo, o qual, com a presença do Verbo eterno, queria santificar esse filho, sendo esse um dos principais intentos desta visita.
            A Virgem Maria partiu, pois, a 28 de Março para a cidade de Karem, onde residia sua prima, indo acompanhada de alguma parenta ou amiga, ou fazendo parte de alguma caravana, tendo de percorrer trinta léguas até as montanhas da Judéia, por caminhos ásperos e fragosos.
            Chegada à casa de Santa Isabel foi recebida por ela com a saudação: “Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre. Donde me vem a honra de ser visitada pela Mãe do meu Senhor. Porque mal a vossa saudação me feriu os ouvidos, a criança que eu trago, estremeceu. E bem-aventurada sois vós que crestes, porque se hão de cumprir aquelas coisas que vos foram ditas da parte do Senhor”.
            A Virgem Maria, ao ouvir a saudação de Santa Isabel, deixa transbordar seu coração e entoa esse admirável cântico de profissão de fé, hino de humildade de gratidão, profecia do futuro – o Magnificat.
            Sucedeu esta misteriosa visita poucos dias depois da Encarnação do Verbo, pelos fins de Março, ou princípios de Abril, mas a Igreja determinou que se celebrasse esse mistério a 2 de Julho, porque, realizando-se a festa da Encarnação em tempo de Quaresma, em que a Igreja está toda ocupada em celebrar a Paixão de Jesus Cristo, não era próprio, nem justo celebrar com galas esse acontecimento.  A estada da Virgem Maria em casa de sua prima Santa Isabel foi de perto de três meses, e os documentos evangélicos levam a crer que não assistira ao nascimento de São João Batista por dizer São Lucas que ai estivera perto de três meses e não três meses como seria preciso para completar os nove da gestação de Santa Isabel, e por mencionar sua volta a Nazaré antes do nascimento de São João Batista e mesmo pelo decoro e pudicícia da Santa Virgem.

- - - - - - - - - - - -
Fonte: A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.