O Manuscrito do Purgatório- 1877


1877


(13 de fevereiro — diante do Santíssimo Sacramento) — Vede como Jesus está só! Neste momento poderia ter Ele aqui mais gente se houvesse um pouco mais de boa vontade. Todavia,, que indiferença até entre as almas religiosas. Nosso Senhor é muito sensível no Santíssimo Sacramento! Pelo menos, então, amai-o pelas almas injustas, e o bom Jesus sentir-se-á confortado e consolado neste desprezo.
(12 de maio) — Mortificai-vos no corpo, mas sobretudo no espírito. Esquecei-vos. Fazei um ato total de abnegação de vós mesma. Não repareis nunca no que fazem as outras. O bom Deus não pede a mesma perfeição de todas as almas. Nem todas são esclarecidas com as mesmas luzes. Vós que a quem Jesus ilumina, não olheis senão para Ele. Que só Ele sela o vosso fim em tudo.
Tende uma confiança sem limites na bondade de Jesus. Se soubésseis que poder tem Ele, haveríeis de pôr assim limites ao seu poder? O que não pode Ele em favor de uma alma que o ama.
Preparai-vos sempre com muito cuidado para a santa comunhão, para a Confissão e para o Oficio Divino, enfim, para tudo que tende a um união maior com Nosso Senhor.
Eu já vos disse que o bom Deus procura neste mundo almas que o amem, mas com este amor de criança, esta ternura respeitosa, é verdade, mas cordial. Pois bem! Ele não encontra estas almas… O número delas é muito menor do que se pensa. Consideram o bom Jesus muito grande para poderem se achegar a Ele, e o amor que lhe dão é muito frio! O respeito afinal se degenera numa certa indiferença. Eu bem sei que nem todas as almas são capazes de compreender este amor que Nosso Senhor pede; mas vós, a quem Jesus fez compreender isto, reparai esta indiferença, esta frieza. Pedi-lhe que dilate o vosso coração para poder conter muito amor. Por vossa ternura e as respeitosas familiaridades que Jesus vos permite podeis reparar o que não é dado a todos compreender. Fazei isto, sim, e sobretudo amai muito.
Não vos canseis jamais de trabalhar. Recomeçai cada dia como se tivésseis de começar e não tivésseis feito nada. Esta renúncia perpétua da própria vontade de seus cômodos, e da maneira, própria de ver, é um longo martírio, mas muito meritório e muito agradável a Deus.





O Manuscrito do Purgatório- 1876

1876


Não só deveis preparar uma morada para Jesus, mas convidá-lo também. Que adiantaria preparar um belo cômodo para um amigo se não o convidassem para entrar?
(Fevereiro) — Sim, é verdade que no céu Deus recebe adorações infinitas; mas, como na terra é que Ele é ultrajado, quer também da terra receber a reparação. E de vós espera esta reparação para que o ameis, a fim de desagravá-lo pela vossa ternura, do abandono que Ele sente por toda parte.
(Anunciação) — Quando Deus quer uma alma só para ele, começa por espremê-la como as uvas no lagar para extrair o suco. Depois, quando esta alma assim espremida venceu as suas paixões, os defeitos, à pro-cura de si, então dispõe dela como bem quer, e se ela é fiel logo ficará toda transformada, e então Jesus a cumula de graças escolhidas e a inunda do seu amor.
 (16 de julho) — A Eucaristia deve ser para vós um ímã que vos atraia sempre cada vez mais. A Eucaristia, numa palavra, deve ser o móvel de toda a vossa vida.
(28 de agosto) — Não tenhais outro desejo além do amar a Deus sempre mais, e de vos unir cada vez mais a Ele. Deveis procurar cada dia estar mais unida a Jesus. Vossa vida deve ser uma vida interior e de união a Jesus, pelos sofrimentos do corpo e da alma, e, principalmente pelo amor.
Deus fez o vosso coração só para Ele. Abandonai-vos a Nosso Senhor sem nunca olhar nem para trás nem para diante. Lançai-vos nos seus braços divinos e junto ao coração, e depois de lá estar, não tenhais medo de nada.
Fazei cada manhã uma oração para adorar a Nosso Senhor em todas as igrejas onde se acha abandonado. Transportai-vos então pelo pensamento para essas igrejas e dizei a Jesus então quanto o amais e quereis reparar o abandono em que Ele se encontra. Renovai esta intenção muitas vezes no dia. Dareis um grande prazer a Jesus.
O bom Deus deseja que penseis sempre nele e que façais tudo sob os seus divinos olhares. Em vossas orações e trabalhos, numa palavra, nunca o deveis perder de vista quanto possível. Tudo isto, entretanto, há de ser feito com tranquilidade e sem afetação.
Não tenhais nenhum desejo a não ser o de amar a Deus cada vez mais.
No fim do vosso retiro tomai como resolução pensar muitas vezes no que vos vou dizer: Deus só! Meu Deus e meu tudo! Tudo passa e passa depressa! O tabernáculo é meu repouso! A Eucaristia é minha vida. A cruz é minha herança. Maria, minha Mãe. O céu, minha esperança.
(20 de novembro) — Não é preciso andar examinando e julgando o que fazem as Irmãs. Não tereis que dar contas a Deus por elas e nem vos modelar por elas. Deus não pede de todos a mesma perfeição. Mortificai-vos e não deveis andar examinando se as outras não fazem o que fazeis, porque Deus não exige isto.
(Natal) — Sim, eu estou muito aliviada, e eu creio que o termo do exílio não está longe. Ai! se soubésseis como desejo ver a Deus.










O Manuscrito do Purgatório- 1875

1875




(Fevereiro) — Vigiai muito o vosso interior. Vossa vida deve ser uma vida de contínuos atos interiores de amor, de mortificação. Nada fazer de extraordinário. Vida bem oculta, bem unida a Jesus.
Deus quer que ameis a Ele Unicamente. Se não puserdes obstáculos às suas graças, Ele tem algumas extraordinárias para vos conceder, e que não deu ainda a ninguém. Ele vos ama de modo todo especial. Não percebestes ainda isto? Procuremos adorar os seus desígnios sem aprofundá-los. Ele é o Senhor e faz com as almas o que bem lhe apraz. Sede sempre muito humilde, bem escondida. Não vos preocupeis com ninguém. Cuidai tão só do que diz respeito à vossa própria santificação.
Amai o bom Deus. Ó como são felizes as almas que possuem este tesouro!
Vossa grande penitência nesta vida não há de ser só a ausência de Jesus mas uma grande dor por todo o pesar que lhe causastes no passado, pelo excesso das graças de que vos cumulou e vos há de conceder ainda, e a impotência em que vos encontrais para retribuir todo amor que desejais lhe dar.
(14 de maio) — Ao fazer o vosso retiro, procurai ter a intenção de não perder nenhuma das graças que Deus vos conceder, e seguir sempre o atrativo de suas graças, ter um grande espírito de fé e um grande recolhimento. Há muito tempo vos estou perseguindo por isto.
É preciso andar sempre tão recolhida, em todas as ações como quando se fica na ação de graças depois da santa Comunhão.
Não deveis fazer nada sem vos recolherdes um instante, e sem consultar Jesus que está em vosso coração: Entendestes?
O, sim, eu amo o bom Deus, mas à medida que uma alma se purifica, isto é, se aproxima do céu, seu amor também cresce cada vez mais.
Pensai muitas vezes no amor que tem por vós. Sede bem fiel a todas as inspirações da graça.
Recomeçai cada dia como se nada ainda tivésseis feito, e sem nunca desanimar.
(18 de maio) — Ó! o número das verdadeiras religiosas, as que têm o verdadeiro espírito, é muito pequeno! Quase uma por cinquenta! É preciso que sejais, custe o que custar, do número destas privilegiadas.
À medida, e na proporção em que eu for me libertando, haveis de me ouvir mais claramente, e, quando eu estiver livre, imediatamente serei para vós um Anjo da Guarda. Mas um anjo que não haveis de ver.
(20 de junho) — Deus pede mas não obriga, não força. Oferece. Ele só quer o coração todo para Ele.
É preciso para obter as graças de Deus, tanto para vós como para a Comunidade, que vos renuncieis de manhã à noite, para que nada procureis em coisa alguma, e tudo seja bem escondido aos olhos das criaturas, e que só Deus saiba de tudo e veja vossos pequenos sacrifícios de cada dia.
Experimentais uma repugnância por diversas coisas. Deus o permite a fim de que possais merecer mais. Prestai atenção e não deixeis perder nada disto.
Quereis saber por que Deus não vos esconde agora as graças que lhe pedis? É porque não tendes bastante confiança nele.
É preciso que ameis a Deus tanto que encontre Ele em vosso coração uma doce mansão onde possa repousar. É preciso que Jesus vos conte os seus sofrimentos, os aborrecimentos que lhe causa o mundo todo o dia, e, da vossa parte, testemunhai-lhe tanto amor que fique Ele consolado.
(14 de agosto) — Não estejais a dar ouvidos a vós mesma. Confiai nele, já não vos disse tantas vezes? Será que Ele não há de querer vos conceder todas as forças necessárias para o servir?
(15 de agosto) — Sim, nós vimos a Santíssima Virgem. Ela subiu ao céu com muitas almas, mas eu… eu fiquei!…
Sentis calor? Ai! se soubésseis o calor do purgatório comparado ao vosso! Uma pequenina oração nos faz tanto bem! Ela nos refrigera como um copo de água fria dada a uma pessoa que tem muita sede.
Fazei todas as vossas ações com olhar em Deus. Eu vos digo: consultai-o antes de tudo que tiverdes de fazer ou dizer. Ó, então quantas graças se hão de derramar sobre vós! Que seja a vossa vida uma, vida de fé e de amor, e se assim fizerdes, já sabeis o que vos disse.
Ocupai-vos do único objeto que há de ser o móvel de toda a vossa vida: Jesus. Sim, Jesus de manhã, Jesus de noite, Jesus de manhã à noite.
(20 de agosto) — Fazei todas as vossas ações sob o olhar de Deus, simplesmente, e neste mundo, não procureis agradar senão a Ele. Enquanto não chegardes a ‘este despojamento de todas as coisas para, não atender `senão a Ele, Ele também não vos deixará em paz.
(8 de setembro) — Deus permite que certas almas tenham uma grande ternura de coração, enquanto outras são menos sensíveis. Tudo está nos seus desígnios. As que têm um coração mais amoroso, este coração Ele o fez assim só para Ele, a fim de que derramem todo este amor no seu Coração adorável. Ele é o Senhor, e dá a, cada um o que bem lhe apraz.
Sofro mais de noite quando repousais. É verdade que eu trago sempre o meu purgatório comigo, mas de dia tenho permissão de vos acompanhar por toda parte, e sofro um pouco menos. Tudo isto é uma permissão de Deus.
(8 de dezembro) — Amai muito ao bom Deus. Não tenhais receio do sofrimento. Confiai muito nele e nunca em vós. Não respireis, não vivais senão para Jesus Cristo!
(12 de dezembro) — Deus Nosso Senhor deseja que antes da adoração perpétua a façais primeiro no coração. Compreendeis bem… É preciso também que vos habitueis a fazer muitas vezes a Comunhão espiritual. Dela haveis de tirar frutos abundantes e os mais salutares, se a fizerdes com boas disposições.


Manuscrito do Purgatório- 1874



(24 de março, 29 domingo de Páscoa) – Ide muitas vezes quanto vos for possível, amanhã, diante do Santíssimo Sacramento. Como eu vos acompanho, terei de estar perto do bom Deus, e isto me alivia.
(Anunciação) – Estou agora, no segundo purgatório. Desde minha morte eu estava no primeiro, onde se sofrem dores muito grandes. Sofre-se também muito no segundo, porém, menos que no primeiro.
Sede sempre um apoio da vossa Superiora.
(Maio) — Eu estou no segundo purgatório desde o dia da Anunciação da Santíssima Virgem. Neste dia, vi pela primeira vez a Santíssima Virgem, porque no primeiro purgatório a gente não a vê. A visita de Maria nos anima, e depois esta boa Mãe nos fala do céu. Enquanto a vemos, nossos sofrimentos parecem diminuídos.
Ai! como desejo ver o céu! Ó que martírio sofremos desde que conhecemos o bom Deus!
O que eu penso… Deus o permite para o vosso bem e para meu alívio. Ouvi bem o que vos vou dizer: Deus tem grandes desígnios, graças para vos conceder. Quer Ele que salveis um grande número de almas. Se por vosso procedimento puserdes obstáculo a isto, um dia haveis de responder por todas as almas que poderíeis ter salvo.
É verdade que não sois digna, mas Deus permitiu isto tudo… Ele é o Senhor e concede as suas graças a quem lhe apraz.
Fazeis muito bem em rezar e mandar rezar para São Miguel. A gente é muito feliz na hora da morte por ter confiança, em alguns santos, para que sejam nossos protetores junto de Deus naquele terrível momento.
Lembrai às vossas filhas as grandes verdades eternas. É preciso abalar as almas de vez em quando com estas verdades.
Não deveis viver senão para Deus. Procurai em toda parte e sempre a glória de Deus.
Quanto bem não podeis fazer às almas!
Nada deveis fazer que não seja para agradar a Deus. Antes de cada ação, recolher-se um momento e ver se é coisa que agrade a Deus. Tudo pelo vosso Jesus. Ó, amai-o muito!
Sim, eu sofro, mas o meu maior tormento é não ver a Deus. É um martírio contínuo que me faz sofrer mais do que o fogo do purgatório. Se mais tarde chegardes a amar a Deus como Ele o quer, haveis de sentir um pouco deste langor que faz desejar a união com o objeto do seu amor: o bom Jesus.
Sim, nós vemos algumas vezes a São José, mas não tantas vezes como a Nossa Senhora.
É preciso que fiqueis indiferente para com tudo, exceto para com Deus. Eis como chegareis ao cume da perfeição a que Jesus vos chama.
Madre N. não teve as Missas que mandou dizer por ela. As religiosas não têm o direito de dispor dos seus bens. É contra a pobreza.
Deus nunca recusa as graças que lhe pedem numa oração bem feita.
O purgatório das religiosas é mais longo e rigoroso que o das pessoas do mundo, porque abusaram mais das graças.
Sim, Deus ama muito a Madre Superiora. Vede que Ele lhe dá uma boa cruz para carregar. Eis a melhor prova do seu amor por ela.
Ninguém pode imaginar o sofrimento que se tem no purgatório! Ninguém pensa nisto neste mundo. As comunidades religiosas também se esquecem disto. Eis porque Deus quer que aqui se reze, especialmente pelas almas do purgatório, e que se inspire esta devoção às alunas, a fim de que elas por sua vez falem dela no mundo.
Não tenhais medo das fadigas. Desde que sejam por Deus, sacrificai tudo por Ele.
Obedecei à vossa Superiora prontamente. Que ela vos faça virar por todas os lados como queira. Sede sempre humilde. Humilhai-vos sempre até o centro da terra, se isto fosse possível.
M. está no purgatório; está no purgatório porque ela paralisou o bem que as Superioras poderiam ter feito, por suas palavras astuciosas.
Tomai como prática a presença de Deus e a pureza de intenção.
Deus procura almas devotadas que o amem só por Ele. Há tão pou-cas! Quer Ele que sejais do número de suas verdadeiras amigas. Pouca gente ama a Deus. Muitos julgam que o amam, mas, na realidade só amam a si próprios. Eis a verdade…
Não, nós não podemos ver a Deus no purgatório… Então seria já o céu!
Quando uma alma procura a Deus sinceramente, por amor e verdadeiramente no seu coração, Ele nunca permite que seja ela enganada.
Entregai-vos, sacrificai-vos, imolai-vos por Deus. Nunca podereis fazer demais por Ele.
Pensai bem que só depois que a gente se encheu bem de piedade é que pode difundi-la para os outros.
Não tenhais respeito humano, ainda mesmo para com as Irmãs mais antigas. Dizei sempre alguma coisa quando se tratar de defender a Superiora.
Não, eu não vejo o bom Deus quando Ele está exposto. Sinto sua presença. Vejo como vós, com os olhos da fé, mas a nossa fé é muito mais viva do que a vossa. Nós sabemos, sim, nós sabemos bem o que é o bom Deus!
Tende sempre Deus convosco. Dizei-lhe tudo como a um amigo e vigiai muito o vosso interior.
Para se preparar bem para a santa Comunhão é preciso amor antes, durante e depois durante a ação de graças. Amor, sempre amor.
Deus quer que não penseis senão nele, que não vivais senão para Ele, e não sonheis senão com Ele, não vos volteis senão para Ele.
Mortificai vosso espírito, vossa língua, isto será muito mais agradável a Deus do que as mortificações do corpo que muitas vezes procedem de nossa própria vontade.
É mister proceder para com Deus como para com um pai, um amigo cheio de ternura, um esposo querido.
É preciso derramar toda a ternura de vosso coração sobre Jesus, sobre Ele tão só, e dar tudo, inteiramente tudo!
Sim, cantareis por toda a eternidade as misericórdias infinitas de Deus para convosco.
É preciso amar tanto a Jesus, e de tal modo, que Ele encontre em vosso coração uma doce mansão onde possa repousar (se assim posso dizer), das ofensas que recebe em toda parte. É mister que o ameis pelos indiferentes, pelas almas relaxadas e covardes e por vós em primeiro lugar. É preciso amá-lo tanto de modo que o vosso exemplo toque.
(12 de dezembro) — Se amardes a Deus, Ele não vos há de recusar nada. Quando uma pessoa ama realmente a uma outra, sabeis muito bem como ela vira e revira em torno dela para obter um sim, para que ela peça alguma coisa e obtenha logo o que deseja. Assim faz Deus para convosco. Ele vos concederá tudo quanto lhe pedirdes.
Deus quer que vos ocupeis só com Ele, com seu amor, e em cumprir sempre a sua vontade santíssima.
Quando a gente se ocupa com Deus, é mister se ocupar também com a salvação das almas. Não haveria grande mérito em se salvar sozinho.


Manuscrito do Purgatório- O valor deste manuscrito

Valor deste manuscrito



Este valor se deduz: 1º. – Da pessoa da própria Irmã M.d.I.C. Todos que a conheceram sem uma nota discordante, atestam que ela nunca deixou de praticar todas as virtudes cristas até ao heroísmo, muitas vezes. Era ótima religiosa. Como diretora de um pensionato, exerceu ela uma grande influencia sobrenatural sobre as alunas, e todas a chamavam de verdadeira Santa.
Todas as testemunhas atestam unanimemente que era dotada de um juízo muito reto, era muito equilibrada e de muito bom senso. Alem do mais, nunca desejou vias extraordinárias, e, ao contrario, procurou se convencer de que era duvidoso o que era obrigada a ouvir, e alegava ser coisa diabólica, declarando que não queria sair da via comum, desejava ser como toda gente e passar desapercebida. Enfim, com isto ela aproveitou muito na vida espiritual e todos testemunham quanto se santificou com estas visitas ao purgatório.
2º. – Testemunhos de autoridades. Em primeiro lugar declaramos que a Irmã M. d. I.C. tinha um diretor espiritual, o Ver. P. Prevel, dos padres de Pontigny, e que mais tarde foi superior Geral da Congregação. Este sacerdote esteve a par de todos os acontecimentos.
O Rev. Cônego Dubosq, ex-superior do seminário Maior de Bayeux e autor de varias obras, e promotor da fé no processo de canonização de Santa Teresa do Menino Jesus.
O Rev. Cônego Contier, censor oficial dos livros da diocese de Bayeux e autor de muitas obras, entre elas a “Explication du Pontifical”, “Reglement de vie sacerdotale”, etc. Um grande mestre da espiritualidade, cujo nome é mister fique no anonimato e que mereceu este elogio de Pio X: “Homem esclarecido pela sua ciência e experiência”.
Depois de maduro exame, estes mestres não hesitaram em declarar que o manuscrito nade continha contra os ensinamentos da fé e estava de perfeito acordo com os princípios da vida espiritual, e podia edificar muito as almas.
Além disso, notaram que a Irmã M. d. I. C. não possuía imaginação viva e perigosa para se iludir facilmente. Ela considerava estas aparições um verdadeiro castigo, e nelas não se comprazia; pedia a Nosso Senhor que a libertasse destas visitas que a importunavam.
Todos se impressionam bem: 1º – a grande lição de caridade cristã que contém. A Irmã falecida (em vida) tinha feito sofrer muito à Irmã M. d. I. C. e a ela justamente veio pedir socorro depois da morte, para se livrar do purgatório. 2º – quanto mais vivas eram as luzes adquiridas pela Irmã M. d. C., tanto mais se purificava a Irmã falecida e, por sua vez, progredia na santificação a Irmã M. d. C.
Finalmente, os teólogos que foram consultados deram o seu parecer de que o Manuscrito tinha o selo de uma perfeita autenticidade e, por conseguinte, tinha pleno valor, quer quanto à autenticidade, quer quanto à origem.
 Quando se liberta uma alma do purgatório é uma grande alegria para Deus. O que se lê nos livros a este respeito é bem verdade.
Eu terei um pouco de alívio no dia de Páscoa.
Se cuidardes bem de mim, Deus vos concederá graças como Ele não deu a ninguém.
Podeis dizer o vosso Saltério por diversas almas a um tempo, mas antes de o recitar ter o cuidado de dirigir a intenção como se vós o pudésseis rezar por intenção de cada uma delas, e todas hão de aproveitar como se fosse recitado um para cada uma.
Há uma penitência especial no purgatório para as religiosas que fizeram sofrer as suas Superioras. Para estas o purgatório é terrível.


Manuscrito do Purgatório- Introdução

O MANUSCRITO DO PURGATÓRIO

Introdução
Ninguém pode logo a priori recusar a possibilidade das aparições das almas do purgatório aos vivos na terra. Estas espécies de aparições não são raras e não faltam na vida dos santos. Há fatos documentados e muito bem provados, com o testemunho de teólogos. Basta-nos citar estes: o cônego Ribet, na sua “Mystique Divine” T. II, cap. VIII. Deus permite estas aparições para consolo dos vivos e para excitar a compaixão, instruir e despertar a idéia da severidade dos juízos de Deus contra faltas que julgamos muito leves. Uma coleção de diversas aparições publicadas pelo bispo de Osma na Espanha, mons. Parafox, trás este titulo: “Luz aos vivos pela experiência dos mortos”. Não se poderia justificar melhor a razão providencial das manifestações das almas sofredoras que se dirigem aos vivos para implorarem sua piedade e intercessão.

A autenticidade do “Manuscrito do Purgatório” 

A autenticidade do “Manuscrito do Purgatório” não pode ser posta em duvida. Teve testemunhas certas de pleno acordo e os fatos foram bem examinados. Uma religiosa do convento de V., Irmã M.d.I.C., falecida em 2 de maio de 1917, ouviu junto dela de repente, em novembro de 1873, uns gemidos muito prolongados. Assustada, exclamou: “Quem é que me faz assim tanto medo? Que não apareça, mas me diga quem é!” Nenhuma resposta. E os gemidos se aproximavam cada vez mais. A pobre Irmã multiplicava orações, Vias Sacras, Comunhões, Rosários, e os gemidos não cessavam, e cada vez mais misteriosos. Finalmente, no dia 15 de fevereiro de 1874, uma voz muito conhecida se fez ouvir: “Tão tenhais medo! Eu sou a Irmã M.G.” ( uma religiosa falecida em X, com 36 anos e idade, no dia 22 de fevereiro de 1871, vitima da sua dedicação). E a alma que sofria deu a conhecer a sua antiga companheira cujos conselhos havia desprezado outrora, que ela havia de multiplicar as visitas para santifica-la, e que, assim santificada, havia de aliviar a antiga companheira no purgatório. A Irmã M.d.I.C pediu à visitante que desaparecesse e não voltasse mais. Foi porem em vão. Foi-lhe respondido que deveria suportar quanto tempo Deus quisesse aquilo de que tinha tanto medo.
E foi assim que, durante vários anos, se estabeleceram ente a alma de Irmã M.G. e Irmã M.d..I.C. relações que foram escritas em precioso “Manuscritos do Purgatório”. Que foram escritas em preciosos manuscrito, minuciosamente, de 1874 a 1890.
Eis a origem do “Manuscrito do Purgatório”.